As investigações de corrupção que envolvem o setor público são um tema recorrente, mas o caso Altice faz despertar o tema da corrupção no setor privado. É um crime pouco comum nos tribunais, mas que já levou a condenações a penas de cadeia.
Outubro de 2009 nascia o Face Oculta, o processo mediático que sentou no banco dos réus 36 arguidos, entre eles Manuel Godinho, o sucateiro de Ovar, acusado de corromper quadros de grandes empresas como a EDP, REFER, REN, Lisnave e Petrogal.
Em setembro de 2014 foram todos condenados, 11 deles a prisão efetiva e, desses, seis pelo crime de corrupção no setor privado.
Paiva Nunes, ex-administrador da EDP Imobiliária, foi condenado a três anos e meio de prisão depois de perder todos os recursos. Entregou-se em dezembro de 2020, cumpriu parte da pena na cadeia e restante em prisão domiciliária.
Manuel Godinho, o corruptor ativo, foi condenado a 12 anos de prisão, que começou a cumprir em novembro de 2021, depois de se apresentar na cadeia do Vale do Sousa. Uma condenação inédita na justiça portuguesa.
A corrupção no setor privado está na lei portuguesa desde 1984. Em 2008 sofreu alterações, passando a ter uma moldura penal que pode ir até aos oito anos de prisão.
Pune, de um lado, os trabalhadores que recebam vantagem patrimonial ou não patrimonial para um qualquer ato ou omissão, e pune também quem pagar ou prometer a referida vantagem para prosseguir o fim indicado.
Mais recentemente surgiram novas acusações onde aparece este crime. Ricardo Salgado está acusado por 12 no processo principal da queda do BES, que também consta no chamado processo BES Venezuela.