É a primeira vez que pescadores e mariscadores da Ria de Aveiro cumprem um defeso sem ser por motivos de saúde pública. A paragem abrange todo o tipo de bivalves.
“O defeso é um defeso bom, mas toda a gente deveria de respeitar porque há muita transgressão de noite.", disse Alfredo Rocha, pescador.
Carlos Prata, pescador, compreende que a ria é muito grande e que é “muito difícil de controlar” mas queixa-se da falta de fiscalização e diz que era algo "essencial nesta altura do campeonato”.
Este defeso surge na sequência da revisão do regulamento da atividade de pesca, tendo sido acordado entre as entidades envolvidas na gestão partilhada da ria, para proteger a reprodução de espécies como o berbigão, a amêijoa macho, o mexilhão ou a navalha.
Acúrcio Santos da Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro, explica que se todos respeitarem o defeso acaba pode ser benéfico.
“Vão tirar proveito mais tarde dele. Porque depois todo o produto é valorizado, os tamanhos ficam comercialmente mais apetecíveis e são mais bem pagos.”, disse.
O presidente da Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro, João Paulo Lopes, sublinha que o facto de nem toda a comunidade de pescadores respeitar o defeso vai acabar por ser um prejuízo.
“Era bom que nós, da parte da pesca profissional e não só, respeitássemos todo o defeso, aí sim, quando fossemos trabalhar daqui a um mês tínhamos os bancos de ria repletos de bivalves para capturámos. Agora aquilo que se está a passar é que deixámos no dia 14 de julho e quando formos aos bancos naturais, já lá nada existe.”
É enorme a procura de bivalves devido ao turismo e aos hábitos de consumo.
“Em 2022, em média de todos os bivalves, são capturados aqui duas mil toneladas de bivalves.”, disse Acúrcio Santos.
Um volume que representa uma receita anual de 4 milhões de euros. A Ria de Aveiro é um enorme aquário de bivalves, que importa preservar.