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"Para dançar o tango tem de haver dois parceiros": Governo aberto ao diálogo com médicos

O ministro da Saúde garante que vai entregar esta quarta-feira a proposta para a revisão da tabela remuneratória dos médicos, sublinhando que foi esse o compromisso assumido na última reunião de negociações.

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Manuel Pizarro, o ministro da Saúde, não comenta os números divulgados pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) sobre a adesão dos profissionais de saúde à greve. Garante que o Governo tem-se manifestado disponível para negociar com os sindicatos, mas sublinha que "para dançar o tango tem de haver dois parceiros”.

Os médicos do setor público iniciaram esta terça-feira uma paralisação nacional de três dias, que ocorre em simultâneo com a greve às horas extra dos médicos de família. O SIM afirma que a adesão à greve ronda os 90% em todo o país.

“Eu nunca faço comentários sobre as adesões à greve por respeito para com os profissionais que estão a exercer o seu direito e também pelos milhares de profissionais que continuam a trabalhar e a atender as pessoas que deles necessitam”, disse o ministro da Saúde aos jornalistas, considerando a “luta de números muito pouco útil”.

Manuel Pizarro sublinha que o serviços prestados nos cuidados de saúde primários “dependem pouco da prestação de horas extraordinárias”, ao contrário do que acontece nas urgências hospitalares. Por isso, o ministro imagina “que o impacto não seja muito significativo”.

Sobre a negociação com os sindicatos, o Pizarro garante que irá cumprir o que ficou estabelecido nas negociações e entregar a proposta com a revisão da tabela remuneratória esta quarta-feira, ou seja, 36 horas antes da reunião.

Sublinhou também a “inquebrantável abertura ao diálogo” que o Ministério da Saúde tem manifestado, mas reforça que “para se dançar o tango e haver um acordo, tem de haver dois parceiros”.

“O esforço que o Governo fez em matéria de cuidados de saúde primários, do meu ponto de vista, permite que se chegue a um entendimento. Pelo menos, no que diz respeito aos cuidados de saúde primários”, afirma.

Destaca ainda que a proposta de alteração do modelo de remuneração nas Unidades de Saúde Familiares (USF), associada ao desempenho, “significa um aumento médio de remuneração dos profissionais de cerca de 60%, muito acima do que é reivindicado pelos sindicatos”.

“O que está em causa é, evidentemente, melhorar as condições dos profissionais de saúde, mas a preocupação dominante do ministro da Saúde tem de ser como é que isso se reflete em melhor atendimento para os cidadãos.”

Sobre a proposta do Bloco de Esquerda para aumento da remuneração salarial dos profissionais de saúde, apresentada por Mariana Mortágua, Pizarro responde que os valores são inferiores aos apresentados pelo Governo.