Os médicos cumprem esta terça-feira o primeiro de dois dias de greve, em protesto contra a proposta do Governo para a valorização da carreira. Para os médicos, o impacto da greve no arranque da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é uma falsa questão, garantindo que os serviços mínimos decretados são salvaguarda suficiente.
“Os peregrinos se necessitarem de alguns cuidados médicos seguramente será pela parte hospitalar e será em serviço de urgência. Os serviços de urgência, são serviços mínimos que vão ser, escrupulosamente, garantidos. Nem nunca foi nosso intuito, de alguma forma, perturbar a Jornada Mundial da Juventude.”, disse Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
A FNAM garante que se a greve calhou nestes dias foi por culpa da tutela, que quis "prolongar" as reuniões negociais para mais tarde apresentar uma “proposta que é completamente insultuosa e que para os médicos é inaceitável porque é o retrocesso de direitos laborais sem qualquer precedente”
Prometem continuar a luta se não forem aceites os princípios de uma contraproposta que vão entregar esta tarde ao ministério da Saúde.
Os médicos referem que o aumento previsto na proposta do Governo não é “um verdadeiro aumento de salário” mas sim um suplemente que serve “apenas para alguns médicos”.
“Precisamos de ter as garantias que as condições trabalho não se deterioram ainda mais, que é o que tem estado a acontecer, que não nos pedem para trabalhar mais 4 meses que o resto dos profissionais de saúde, que as horas extra não aumentam para 300 por ano, porque isso é absolutamente inaceitável, além de ser inconstitucional e de ser ilegal.”, sublinhou Joana Bordalo e Sá.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) está ainda preocupada com a transferência de médicos obstetras do Hospital Santa Maria para o São Francisco Xavier durante o período de remodelação na maior maternidade do país. A FNAM diz que é ilegal e que se vai opor à decisão do Governo.
“O que nós estamos aqui a falar, neste caso da obstetrícia do Hospital de Santa Maria é, precisamente, a falta de médicos para preencher a escala, o motivo das obras é apenas uma máscara para esconder esse verdadeiro motivo, e vamos nos opor e vamos combater veementemente esta manobra do Governo.”, disse Tânia Russo da FNAM.
Cerca de 100 médicos partiram esta manhã do norte do país para se juntarem à concentração marcada para o início da tarde em Lisboa no dia em que começa a Jornada Mundial da Juventude.