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Nasceu Hugo Guilherme, o bebé concebido após a morte do pai

Ângela e Hugo tinham o sonho de ser pais, mas um cancro colorretal roubou a vida a este segundo, sem que o casal o tenha concretizado. Seguiu-se uma dura luta pela legalização da procriação medicamente assistida pós-morte, que esta quarta-feira deu o seu primeiro fruto.

Nasceu Hugo Guilherme, o bebé concebido após a morte do pai
Reprodução Instagram Ângela Ferreira

Nasceu esta quarta-feira Hugo Guilherme, o primeiro bebé concebido após a morte do pai. Ângela Ferreira, a mãe, partilhou uma fotografia do filho no Instagram, acrescentando que está a viver um momento “mágico”.

“Hoje o nosso mundo ficou mais iluminado, o Guilherme nasceu pelas 11:09 com 3,915 kg e 50.5 cm. É um rapagão cheio de saúde. Obrigada meu amor @hugonevesferreira por me teres escolhido para este sonho! Tão mágico que foi, que está a ser”, escreveu Ângela.

Ângela Ferreira anunciou o nascimento do filho numa mensagem que inclui também uma homenagem ao marido.

"Agora vou-me isolar nesta bolha de amor e aproveitar o máximo que conseguir. Poderia e se calhar deveria dizer mais, mas neste momento quero usufruir e aproveitar este amor sem fim", referiu.

A história de Ângela e Hugo

Quando Ângela conheceu o marido, já o encontrou a meio de uma luta contra um cancro colorretal. Hugo já tinha feito a preservação do sémen e o casal chegou a ir a uma primeira consulta no Hospital de São João, mas o projeto foi interrompido em março de 2019 com a morte de Hugo.

No entanto, o desejo de ter um filho ficou escrito no papel. Seguiu-se uma petição que leva a lei de 2006 a ser discutida e alterada na Assembleia da República, de forma a que seja possível usar esperma criopreservado do pai após a morte.

Depois de um veto presidencial, a alteração é aprovada em março de 2021 e Ângela regressa ao São João. Tentou a inseminação, mas não foi bem-sucedida e, depois de um esclarecimento da lei, avançou com a fertilização in vitro, uma técnica com uma taxa de sucesso maior.

Em dezembro, descobriu que estava grávida. Quatro anos depois da morte de Hugo, nasceu Guilherme, fruto do sonho dos pais.

O diploma em causa prevê o recurso a técnicas de PMA através da inseminação com sémen após a morte do dador, nos casos de projetos parentais expressamente consentidos.