Boaventura Sousa Santos acusa uma das investigadoras que o denunciou por assédio de se vingar por ter sido expulsa do Centro de Estudos Sociais de Coimbra.
Em entrevista a um instituto internacional, o sociólogo diz que está a ser vítima dos holofotes mediáticos por causa da sua posição contra os Estados Unidos na guerra da Ucrânia.
Numa longa entrevista a um austríaco do Varna Peace Institute, uma organização internacional contra o desarmamento, Boaventura Sousa Santos diz que o livro que relata as condutas inapropriadas não passa de uma acusação criminal disfarçada de estudo académico.
“Uma pessoa da minha geração, claro que… sobretudo no passado, pode agir incorretamente, cometer erros, mas nunca crimes. Atos incorretos que poderiam ser considerados machismo chauvinista”, afirma o sociólogo.
“Dizer, por exemplo, ‘hoje está particularmente bonita’, é algo que não pode ser dito hoje em dia”, acrescenta.
Na entrevista, aponta ainda o dedo a uma das investigadoras que passou pelo CES, onde foi diretor.
“Uma investigadora belga que despedimos do nosso centro. Instaurámos um processo disciplinar contra essa mulher devido a má conduta e ela prometeu vingança”, revela.
O Diário de Notícias, que investiga o caso há meses, diz que a direção do CES confirma a abertura de um processo disciplinar que não chegou ao fim, até porque entretanto o contrato com a investigadora belga caducou.
O sociólogo, figura pública há décadas, diz que os holofotes só incidem nele, quando há outros académicos com acusações idênticas e justifica esse destaque com razões políticas.
“Como vivi nos EUA muito tempo, sei que esta guerra foi provocada por eles. É uma provocação para neutralizar a Rússia e a China”, explica.
Até ao momento, ainda não há resultado da investigação anunciada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra aos alegados comportamentos do seu antigo líder.