Começou esta quarta-feira mais uma greve dos médicos no Algarve, Alentejo e Açores, com duração até amanhã. A paralisação foi convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que diz que o SNS vive uma situação de emergência, já o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, fala numa uma situação de reforma. Em entrevista na SIC Notícias, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, considera que o SNS vive as duas realidades em simultâneo.
A partir de janeiro de 2024, vão ser criadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) 31 Unidades Locais de Saúde (ULS), que se juntam às oito já existentes, revelou esta quarta-feira Fernando Araújo.
Sobre este anúncio do diretor-executivo do SNS, Gustavo Tato Borges diz: "É uma questão organizacional. A maneira como os cuidados são prestados, a maneira como eles são integrados nos diferentes níveis e pensar nisto na vertente da necessidade do utente e as ULS podem vir a dar esta resposta. No entanto, as ULS têm que ter uma alteração legislativa que permita olhar para a saúde da população de uma forma mais global".
"Dando nomeadamente mais peso à saúde pública e àquilo que nós, profissionais de saúde pública, médicos, enfermeiros e técnicos ambientais, podemos contribuir para a definição das prioridades e para a intervenção na promoção da saúde, na prevenção da doença, deixando a ULS clássica de estar tão centrada naquilo que é o trabalho do hospital e passar a estar centrada na comunidade", defende Tato Borges, em relação à reforma anunciada no SNS.
Quanto à situação de emergência, sublinha a questão da "falta de profissionais, com dificuldade no acesso a cuidados por parte dos utentes, com dificuldade de organizar escalas de urgência a assegurar tempos de espera para consultas e cirurgias e, portanto, precisa também de medidas extraordinárias que partem do Governo, já não da direção executiva para resolver".
“Estamos a falar de salários, condições de trabalho, horários em que as pessoas desenvolvem o seu trabalho, reduzindo a obrigatoriedade de tanta carga, às vezes administrativa e burocrática, e passar a poder ter atividades assistenciais, atividades de investigação, atividades de formação cada vez mais privilegiadas”, diz o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.