Em análise na SIC Notícias, Bernardo Ferrão e José Gomes Ferreira, da SIC, discutiram as declarações do Presidente da República e do primeiro-ministro desta quarta-feira, o dia seguinte à Reunião do Conselho de Estado que ficou marcada pelo silêncio de António Costa.
“Acho que a reação de António Costa é mais lateral, não é o ponto central. Sempre houve fugas [de informação] e acho que isto é António Costa a tentar desviar as atenções do que é essencial, que foi o seu silêncio”, afirma o Bernardo Ferrão.
“O Presidente da República tem grandes dificuldades em pôr em causa um Governo de maioria absoluta. Em primeiro lugar porque tem maioria absoluta; segundo porque não há grande alternativa, pelo menos que se veja para já”, acrescenta o jornalista.
Segundo Bernardo Ferrão, “O que temos visto é um medir forças entre o Presidente da República e o primeiro-ministro”, num “braço de ferro, altamente criticável”.
“O problema é que o relógio está a contar, e não faz parte da personalidade política de António Costa de fazer grandes reformas, mas é isso que ele devia fazer com uma maioria absoluta”, esclareceu.
Aludindo a outra anterior crise política, comparou ainda “Com o exemplo entre Soares e Cavaco Silva, sabemos que quem mais sai a perder é o Governo, pois o Presidente da República não tem muito a perder”.
Bernardo Ferrão deixa ainda a questão “Tivemos o Presidente da República, durante cinco anos, a andar de braço dado debaixo do guarda-chuva com o primeiro-ministro. Só agora é que o Presidente da República começou a perceber estes problemas?”.
José Gomes Ferreira contrapõe a afirmação de Bernardo Ferrão, “não vendo esta questão como um braço de ferro”.
“O que eu acho é que está a ficar muito claro que as pessoas estão a perceber que o país está a ficar pior: com pessoas qualificadas, muitas delas jovens, a sair do país; com apostas absolutamente erradas do Governo na renovação da Economia; não fez nada pela reindustrialização; pôs o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] a financiar um negócio que hoje a Comissão Europeia e as instituições internacionais estão a questionar sobre a questão do hidrogénio verde que não vai salvar as economias coisa nenhuma”, defende.
Para José Gomes Ferreira não é complicado perceber quem tem a culpa, “O culpado é o titular da ação executiva, logo o primeiro-ministro”.
“António Costa não consegue explicar porquê que com 60 milhões de fundos o rendimentos das famílias não está melhor. Costa não tem estratégia económica”, conclui.