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Análise

“É completamente descabido um amuo de Costa em relação a Marcelo"

Luís Godinho, comentador da SIC, analisa o Conselho de Estado desta terça-feira e a relação, "que já conheceu melhores dias", entre o Presidente da República e o primeiro-ministro.

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A reunião do Conselho de Estado para concluir a análise da situação do país e fazer um balanço da situação internacional aconteceu esta terça-feira e colocou frente a frente António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. O clima da reunião terá sido tenso e o primeiro-ministro terá ficado em silêncio durante as quase três horas do encontro, tendo deixado o Presidente sozinho na longa análise à situação económica e social do país. Luís Delgado, comentador da SIC, analisa a relação Marcelo-Costa e o futuro da mesma.

Luís Delgado considera que a relação entre as duas figuras de Estado “já conheceu melhores dias” e que, durante seis anos, “tudo correu bem” até “à confusão das saídas do Governo”.

Entende que o Conselho de Estado de julho “foi demolidor” para Costa e que, desta vez, Marcelo teve o especial cuidado de fazer aquela que é a sua interpretação e análise do estado da Nação e de falar da guerra na Ucrânia, que inevitavelmente afeta Portugal.

“O que sai deste Conselho de Estado, no meu ponto de vista, é mais uma tentativa do Presidente de dizer ao primeiro-ministro ‘Vamos lá ver se nos entendemos, temos de nos entender’. Não há nenhum primeiro-ministro que consiga governar se tiver oposição do Presidente da República”, refere.

“É completamente descabido um amuo de Costa"

Luís Godinho diz que “é completamente descabido um amuo de Costa em relação a Marcelo", uma vez que o chefe de Estado se encontra no ”pico da popularidade".

Espera que durante a reunião entre ambos, que acontecerá esta quinta-feira, se possa restabelecer a normalidade na relação entre os dois.

O comentador afirma que a visita do Papa Francisco “não correu bem” a António Costa e que o Governo "era uma peça essencial" nessa matéria. Agora, na visita que fará ao Vaticano, Costa irá agradecer ao líder da Igreja Católica.

“Quem tomou em mãos a visita do Papa foi o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e, obviamente, o Presidente da República. O primeiro-ministro esteve desaparecido, o Governo esteve desaparecido”.

Relação conhecerá melhores dias?

Luís Godinho crê que “da parte” do Presidente, a relação entre ambos poderá ser restabelecida, já da parte do primeiro-ministro acredita que poderá ser mais difícil devido “ao seu feitio”.

Acrescenta que o bem-estar entre Presidente e chefe de Executivo “faz bem” a Portugal e que os portugueses “precisam de ver o país a andar” e, para isso, a “confusão” entre os dois não é benéfica.