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Greve dos médicos: sindicatos e Governo não chegam a acordo, adesão é de 95%

Os médicos da região de Lisboa e Vale do Tejo estão em greve até quinta-feira. A adesão ronda os 95% nos dois principais agrupamentos de centros de saúde. O tempo de espera nas urgências "chega a ser de 15h", diz um utente.

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Terminou sem acordo o encontro entre o Governo e os médicos, que avançam, por isso, para uma greve nacional prevista para 17 e 18 de outubro. A adesão à greve que está a decorrer ronda, esta quarta-feira, os 95% nos dois principais agrupamentos de centros de saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

As negociações entre sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde iniciaram-se em 2022, mas não tem havido consenso.

Sindicatos e Governo não chegam a acordo

Terminou sem acordo o encontro entre o Governo e os médicos.

Os profissionais avançam com a greve nacional prevista para 17 de 18 de outubro.

O Ministério da Saúde vai avançar na mesma com as alterações ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente com a legislação sobre as Unidades de Saúde Familiares e o regime de dedicação plena.

Perante a recusa das propostas dos sindicatos, os representantes dos médicos dizem que a responsabilidade será apenas do Governo e insistem que o investimento na saúde continua aquém do necessário.

Além da greve de outubro, há uma nova paralisação nacional agendada para 14 e 15 de novembro.

Adesão de cerca de 95%

Em declarações à Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, disse que "ainda é cedo para ter dados globais", mas sublinhou que, face à posição do Governo nas negociações que terminaram na terça-feira, espera "uma adesão muito expressiva".

"Nos centros de saúde de dois dos principais agrupamentos de Lisboa, a adesão é de cerca de 95% e, nos blocos de cirurgia do Hospital Beatriz Angelo, só estão a funcionar os blocos de urgência, portanto, com uma adesão muito próxima dos 100%", explicou Roque da Cunha.

Esta quarta-feira e na quinta-feira decorre a primeira de duas greves regionais convocadas pelo SIM para a região de Lisboa e Vale do Tejo. A próxima está agendada para 27 e 28 de setembro.

O secretário-geral do SIM recordou que na última reunião de negociação, na terça-feira, o Governo "não ultrapassou a proposta de 3,1% de aumento salarial", sublinhado que "nos últimos 10 anos houve uma perda salarial de 22%".

"Os impostos que nós pagamos obrigariam a que o Governo fizesse esse investimento do SNS, o que não esta a acontecer", afirmou o responsável, sublinhando: "Em função do que tem sido a resposta do Governo em relação às questões que colocamos, esperamos uma muito expressiva adesão".

Serviços mínimos “assegurados”

Roque da Cunha recordou que "todos os serviços mínimos estão assegurados", como, por exemplo, as urgências dos doentes internados, as urgências externas e as hemodiálises.

"Não temos qualquer dúvida de que haverá uma grande e expressiva adesão, tendo em conta a forma como têm sido tratados os médicos hospitalares, que cada vez têm menos incentivos para trabalhar e cada vez têm uma carga de trabalho maior", afirmou.

Sobre o descontentamento dos médicos, disse ainda que o SIM teve a informação de que esta quarta-feira, na equipa de urgência do Hospital Garcia de Orta, "está só um médico e dois internos", lembrando que "continuam demissionários os diretores desse serviço urgência e dos hospitais Fernando da Fonseca, Beatriz Ângelo e Francisco Xavier".

"A insensibilidade do primeiro-ministro e do ministro das Finanças e a incapacidade que Manuel Pizarro [ministro da Saúde] tem demonstrado em convencê-los vai criar um problema muito sério. Fazemos um apelo para evitar estas greves, criando condições para os médicos ficarem no SNS", acrescentou.

Na terça-feira, o SIM anunciou um novo prolongamento, até 22 de outubro, da greve dos médicos às horas extraordinárias, que começou a 24 de julho e terminaria no dia 22 de setembro.

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de o SIM concertar formas de luta com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) - que na terça-feira anunciou uma nova greve para 17 e 18 de outubro, Roque da Cunha respondeu:

"Temos estado em mesas conjuntas e na segunda-feira fizemos uma proposta para uma cimeira conjunta com a FNAM. Essa proposta já teve resposta, mas ainda não há data marcada".