Uma jovem de 16 anos suspeita de matar a irmã de 19, em Peniche, manteve o corpo da vítima em casa "dois ou três dias" e só depois o enterrou, explicou o diretor da Polícia Judiciária de Leiria esta quinta-feira.
O crime terá ocorrido durante o dia e o corpo movimentado e sepultado durante a noite. De acordo com o diretor da Polícia Judiciária de Leiria, Avelino Lima, o motivo foi “completamente fútil”, acontecendo durante "uma discussão à volta da posse de um telemóvel".
Admitindo que as autoridades têm assistido "a uma grande intolerância dos jovens para com o confronto", que passam "facilmente à violência".
“A tolerância à frustração, do ponto de vista psicológico ou neuropsicológico [envolve] competências de neuropsicológicas que se estruturam mediante determinadas condições quer relacionais, quer sociais. E se essas condições falham, então, sim, os jovens têm menos tolerância à frustração e menos competência de resolução de conflitos que em determinadas circunstâncias podem culminar em situações trágicas como esta”, explicou o comentador da SIC, Mauro Paulino.
Para o psicólogo forense, “faz todo o sentido” que seja feita uma perícia sobre a personalidade desta jovem, que “apesar de ser adolescente, já é imputável do ponto de vista criminal”, disse.
A família destas irmãs estava sinalizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Peniche, não por maus-tratos, mas por ser necessitada de apoio.
“Sendo uma jovem de 16 anos, já é imputável do ponto de vista criminal, por isso vai acontecer um processo-crime que vai ser enfrentado como se de um adulto se tratasse”, garantiu Mauro Paulino.
No entanto, existe a possibilidade, por ser menor de idade, de “beneficiar de uma disposição especial para jovens que a lei prevê”. Por isso, reforça a “necessidade de uma avaliação psicológica para adequar melhor a pena às características que possam ou não atenuar estas circunstâncias”, acrescentou o comentador da SIC.
Quanto ao luto do pais, explicou o psicólogo forense que “por um lado, perderam uma filha que foi morta, por outro foi também uma outra filha que cometeu este crime”. Tendo agora de enfrentar uma “dualidade para lidar com estas circunstâncias”.
“O próprio processo judicial que a filha vai enfrentar é um fator de stress ou um fator de risco para patologia numa circunstância de luto”, reforçou, mencionando, igualmente “a dimensão pública do homicídio que também não é facilitadora para lidar com esta situação”.