A Zona de Couros, em Guimarães, passou a ser Património Mundial da Humanidade. A UNESCO alargou a zona que já estava classificada e passa a incluir a área das antigas fábricas de curtumes. A decisão foi tomada na semana passada, durante uma reunião na Arábia Saudita.
"A Zona de Couros era um bairro muito ligado a industria dos curtumes, com as antigas manufaturas que estendiam-se ao longo do Rio de Couros. As fábricas eram espaço de trabalho, mas também de residência", conta Elisabete Pinto, jornalista e investigadora.
Numa área de 19 hectares, há vestígios de mais de duas dezenas de fábricas que contribuíram para a projeção económica da cidade. E é possível admirar os antigos tanques onde as peles dos animais eram mergulhadas nas demoradas operações para a transformação em couro.
São as memórias de uma industria que entrou em declínio nos anos de 1960.
Trabalho (precário) é agora reconhecido
A última fábrica fechou em 2005. O atraso tecnológico e a insalubridade que envolvia os processos produtivos ditaram o fim da atividade.
"A cidade tinha um perfume bastante desagradável decorrente das atividades da curtimenta", lembra Elisabete Pinto.
Nessas fábricas, o trabalho era precário e duro, mas agora é reconhecido pela Unesco.
“Se estava valorizado a dimensão militar, administrativa, política e religiosa da cidade, agora nós temos o valor do trabalho também reconhecido”.
Reformas na Zona de Couros
Nos últimos anos, a Zona de Couros tem sido requalificada, ganhou novos equipamentos e infraestruturas.
São exemplo disso o Teatro Jordão, o Centro Ciência Viva, a Pousada da Juventude, a Universidade das Nações Unidas, e o Instituto de Design de Guimarães.
Até 2025, o Município e a Universidade do Minho esperam juntar a este lote o edifício dedicado aos cursos de Engenharia Aeroespacial e Ciência de Dados. Para isso vão requalificar a antiga fábrica do Arquinho.
Mais turistas? “A Câmara tem de saber lidar”
"Vão chegar paletes de turistas. A Câmara tem de saber lidar com esse problema, que é um problema bom", diz o historiador Lopes Cordeiro.
A autarquia garante que não vai ceder nem à pressão turística nem à especulação imobiliária, que, por norma, andam de braço dado.
Em Portugal, há atualmente 17 locais distinguidos como Património Mundial da Humanidade.
Este ano, Guimarães espera conseguir mais um feito. A cidade é uma das três finalistas ao título de Capital Verde Europeia de 2025 - a vencedora será anunciada a 5 de outubro, na Estónia.