A Ordem dos Médicos avisa que as urgências estão em risco de rutura grave por falta de pessoal. Alerta ainda que esta situação vai piorar no inverno. Muitos médicos começaram a pedir escusa às horas extraordinária porque já cumpriram as 150 horas obrigatórias por lei. Em Vila Real os cirurgiões e pediatras avançaram com pedido de escusa, colocando em risco o atendimento de doentes na região.
A cada inverno que passa, a forma como as urgências do país enfrentam o aumento da afluência tem sido cada vez pior. São estas situações caóticas, marcadas por longas horas de espera, que a Ordem receia poderem repetir-se no inverno.

A Ordem do Médicos alerta para a degradação das condições de trabalho e para a incapacidade do Governo em dotar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de recursos humanos adequados. Denuncia uma total passividade que compromete a qualidade dos cuidados de saúde e a segurança dos doentes em vários hospitais.
Ao Governo, e em particular ao Ministério das Finanças, pedem que não se perca mais tempo, uma vez que só os médicos podem salvar o SNS.
Escusa às horas extraordinárias afetam hospitais por todo o país
Repetem-se os pedidos de escusas às horas extraordinárias por todo o país. É o escalar de um protesto de quem se diz farto de ultrapassar o limite.
Na urgência do hospital da Guarda, 90% dos médicos internistas recusam-se a fazer mais horas, depois de terem atingido o limite anual. O serviço corre o risco de fechar em alguns dias durante o mês de outubro.
O mesmo acontece no hospital de Vila Real: depois dos médicos internistas, este pedido estende-se aos cirurgiões e aos outros serviços do centro hospitalar. É cada vez mais difícil fazer a escala de urgência e pode estar em causa o atendimento dos doentes em toda a região.

Desta vez são os cirurgiões do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes a dizer basta: 20 dos 35 médicos do serviço de cirurgia que fazem o turno da noite recusam-se a ultrapassar as 150 horas extraordinárias anuais definidas por lei.
A escala de urgência, em muitos dias, vai limitar-se a ter um cirurgião e um interno para toda a região.
A escusa às horas extraordinárias estende-se também a praticamente todos os médicos dos cuidados intensivos. Na pediatria, perto de um terço dos médicos também já fez o pedido. Seguem o grupo de 22 internistas que entregaram a declaração de indisponibilidade de trabalho suplementar.
O Sindicato dos Médicos alerta também para os constrangimentos que esta situação pode provocar noutros serviços dos hospitais da região. Com menos médicos disponíveis para fazer urgência e com o aproximar do período crítico das gripes teme-se um colapso dos serviços de saúde.