Os alunos do jardim de infância e do 1º ciclo do ensino básico foram as que mais tiveram falta de acesso a fruta e hortícolas gratuitas nas escolas. Os números revelam que 35,3% turmas não tiveram distribuição a custo zero destes dois alimentos, revela a investigação do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).
De acordo com os dados divulgados, 64,7% turmas têm acesso à distribuição gratuita de frutas e hortícolas no lanche escolar. No entanto, e apesar do número ser representativo, a percentagem indica que existem ainda grandes desigualdades entre regiões.
A ilha da Madeira “foi a localidade onde mais se reduziu a percentagem de crianças que não consumia frutas ou hortícolas diariamente e foi, ao mesmo tempo, a região em que as turmas mais relataram usufruir de fontes de financiamento para terem acesso gratuito a hortofrutícolas”, explicou a nutricionista e investigadora do ISAMB/FMUL, Raquel Martins, num comunicado.
No top três surgem, também, Braga e Viseu, com as maiores percentagens de turmas com acesso a fruta e hortícolas grátis. Em contrapartida, o distrito de Portalegre foi o que teve a menor percentagem.
"Outro dado surpreendente revelado neste estudo são as crianças de Beja que “foram as que mais aumentaram o consumo diário de frutas ou hortícolas, apesar de esta ter sido uma das regiões com menor acesso gratuito a estes alimentos”, explicou ainda.
Quer isto dizer que o acesso gratuito a estes alimentos não condiciona o aumento do seu consumo, concluiu este estudo que teve parceria com a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI).
Acesso gratuito, mas quem paga?
O estudo mostra que 66,4% das turmas com acesso a fruta e hortícolas a custo zero recorreram ao Regime Europeu de Fruta Escolar. Por outro lado, 13,8% utilizaram verbas do próprio estabelecimento de ensino ou associação de pais. Já 11% beneficiaram do banco alimentar local, e 8,8% obtiveram apoio direto por parte das autarquias.