O presidente do PSD afirmou esta quinta-feira que, nos próximos dias, irá apresentar uma proposta com as "linhas de orientação" do partido para a recuperação do tempo de serviço de professores, sem querer avançar mais detalhes.
No final de uma visita à Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, Luís Montenegro foi questionado sobre a posição transmitida na quarta-feira pelos principais sindicatos de professores que, depois de uma reunião com o presidente do PSD, saíram "com a impressão" de que o partido está "a estudar uma forma de recuperar o tempo de serviço", de forma faseada e estudando o modelo que foi aplicado nos Açores e na Madeira.
"Tive ocasião de transmitir nessa reunião aos sindicatos a nossa visão sobre essa temática. Passado um ano na liderança do PSD, tenho hoje mais informação e reflexão do que há um ano para podermos tomar uma posição", respondeu o líder do PSD.
Montenegro ressalvou que, não estando no Governo, não dispõe dos mesmos elementos de análise para decidir.
"Mas não vou ficar eternamente à espera que o Governo disponibilize os dados que temos pedido. Nos próximos dias, nesta reta final de reflexão que estamos a fazer no terreno, daremos nota de qual é a nossa posição", disse.
Questionado se o PSD se compromete com a reposição integral do tempo de serviço congelado reclamado pelos professores de seis anos, seis meses e 23 dias, foi cauteloso.
"O que nós deixámos aos sindicatos e aos professores é a nossa sensibilidade para essa matéria e as nossas linhas de orientação para propormos uma solução, uma metodologia para ultrapassar essa questão. Nos próximos dias darei nota pública disso", assegurou.
À entrada da escola, Montenegro, que esteve acompanhado na visita pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, pela vice-presidente do PSD Margarida Balseiro Lopes e por vários deputados, foi logo abordado por alunos do 11.º ano que se queixaram de não ter professor de português há longos meses e que lhe relataram haver turmas sem professor a seis disciplinas.
Montenegro quis saber como resolviam essas lacunas, com alguns a dizer que recorriam a explicadores, mas avisando que nem todos os alunos desta escola pública o podiam fazer.
No final, em declarações aos jornalistas, o líder do PSD acusou o Governo de não conseguir resolver este problema da falta de professores "ano após ano".
"Há coisas mais estruturais a fazer - como atrair jovens para a via do ensino nas nossas universidades, valorizar a carreira do professor - e ter políticas complementares, como tem a Câmara Municipal de Lisboa de auxílio ao pagamento de rendas a professores com taxa de esforço superior a 30%", disse e defendeu que "é uma política municipal que pode e deve ser estendida a todo o país".
Questionado sobre os problemas registados no concurso de colocação de professores, Montenegro remeteu também para sábado detalhes sobre as propostas do PSD, mas defendeu que "é possível um sistema de colocação mais justo e mais equilibrando recorrendo a ferramentas tecnológicas".
"Não há razão hoje para haver contradições como um professor ter de sair da sua área geográfica por 100 ou 200 km na primeira fase e não ter capacidade de retorno quando na segunda fase abre uma vaga nessa zona", considerou.
O líder do PSD dedica quatro dias à educação, que arrancaram na quarta-feira com reuniões com sindicatos na sede nacional, e que termina no sábado, com uma grande conferência no Porto.