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Urgências encerradas: "Sem um pediatra, uma mãe não fica tranquila"

A Urgência pediátrica do Hospital de Chaves está entre as valências afetadas pela recusa dos médicos de exceder as horas extraordinárias fixadas por lei, sendo que quem a procurava tem agora de fazer 70 quilómetros, até à unidade hospitalar de Vila Real. Um cenário que deixa os pais com o coração nas mãos.

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A Ordem dos Médicos avisa que as Urgências de 25 hospitais vão encerrar por falta de médicos, visto que estes profissionais se recusam a fazer mais do que as 150 horas extraordinárias exigidas por lei e que já estão esgotadas. O bastonário pede uma reunião urgente ao ministro da Saúde e sublinha que a situação é de tal forma dramática que, já no fim de semana, seis serviços de Urgência estiveram fechados no Norte e Centro do País.

A Urgência pediátrica do Hospital de Chaves está entre os exemplos, sendo que quem a procurava tem agora de fazer 70 quilómetros, até à unidade hospitalar de Vila Real. Um cenário que deixa os pais com o coração nas mãos.

“Para quem não tem carta de condução ou transporte, é um bocado complicado ir daqui para Vila Real, fazer tantos quilómetros, com crianças pequenas que precisam de ir a um pediatra urgente”, desabafava uma utente, sublinhando que “se não tem pediatra, uma mãe não fica tranquila”.

Além de Chaves, cujas portas se vão manter encerradas até à próxima segunda-feira, dia 9, as unidades da Guarda, de Tomar, Santarém, das Caldas da Rainha e de Barcelos também vão continuar a sentir o impacto direto desta decisão dos clínicos. A SIC sabe, no entanto, que mais hospitais poderão vir a enfrentar situações de incapacidade de resposta nas Urgências.

Doentes de Barcelos encaminhados para Braga

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A valência de cirurgia das Urgências do Hospital de Barcelos vai permanecer encerrada durante todo o mês de outubro porque nenhum dos oito médicos que lá prestam serviço se mostrou disponível para continuar a trabalhar além das horas extraordinárias estabelecidas como obrigatórias por lei.

Todos os doentes estão, por isso, a ser encaminhados para o Hospital de Braga. Também na Medicina Interna já 10 de 12 clínicos anunciaram a sua recusa, o que obriga a reorganizar as escalas. Assim, a Urgência deste serviço está encerrada aos fins de semana.

Na reunião exigida ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a Ordem dos Médicos já declarou que pretende, mais do que tudo, sensibilizar o governante para uma situação que considera gravíssima e sem precedentes no Serviço Nacional de Saúde e, desta forma, encontrar o rumo para uma solução.