O advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, confirmou que a sessão do julgamento do Caso EDP, prevista para esta terça-feira, foi adiada devido à greve dos funcionários judiciais. O antigo ministro da Economia Manuel Pinho, também acusado, já tinha chegado ao tribunal quando se soube do adiamento.
O julgamento está agora previsto começar na sexta-feira, mas poderá voltar a ser adiado pelo mesmo motivo, uma vez que a greve continua.
“Vamos ver se a greve não impedirá também a realização dessa sessão”, disse Francisco Proença de Carvalho aos jornalistas, à saída do tribunal.
O advogado afirmou que a decisão de adiar a sessão não foi uma surpresa, sublinhando que a “greve é um direito”. Mostrou-se ainda satisfeito com a autorização da perícia médica autorizada ao antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES).
“Nós requeremos que ele fosse dispensado e, de algum modo, a lei diz que o arguido pode consentir que o julgamento se faça na sua ausência e nós fizemos isso. Por uma razão muito simples e triste, que é a situação de saúde do nosso cliente, que está já exposta em vários relatórios médicos. E um julgamento não é suposto ser um ato de tortura”, disse o advogado de Ricardo Salgado.
Também à saída do tribunal, Manuel Pinho garantiu que irá regressar “as vezes que forem necessárias” para “esclarecer uma mentira”.
“Venho negar de A a Z. Porque trata-se de uma acusação falsa e sem nexo e eu venho aqui provar isso”, disse aos jornalistas, sublinhando que “não há fraude nenhuma”.

À chegada, Manuel Pinho tinha afirmado que a acusação é “totalmente falsa”
Na chegada ao tribunal, o antigo ministro da Economia Manuel Pinho garantiu estar inocente e afirma que a acusação “é totalmente falsa”. Garante ainda que está “preparado" para responder às perguntas e que irá conseguir prová-lo em tribunal.

Manuel Pinho foi constituído arguido em 2017 e, no final do ano passado, foi acusado de quatro crimes, entre eles por corrupção passiva. Está em prisão domiciliária na Quinta do Acento, em Braga, por perigo de fuga.
O Ministério Público afirma que o ex-ministro foi corrompido por Ricardo Salgado, tendo recebido perto de cinco milhões de euros – grande parte em transferências mensais de 15 mil euros.
Estas transferências aconteceram inclusive quando Manuel Pinho fazia parte do Governo, o que o coloca como um “agente infiltrado” do Grupo Espírito Santo (GES) no Executivo, avança ainda o Ministério Público. Durante este tempo, Pinho deveria tomar uma série de decisões que pudessem favorecer o GES, principalmente no que toca à Herdade da Comporta e do Pinheirinho.
Além de Manuel Pinho, estão também acusados a mulher do ex-ministro da Economia, Alexandra Pinho, e Ricardo Salgado, antigo presidente do GES.
Alexandra Pinho, será julgada por um crime de branqueamento e outro por fraude fiscal, em coautoria material com o marido, enquanto Ricardo Salgado vai a julgamento por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.