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Deputados do Chega abandonam debate após confronto com Santos Silva

O grupo parlamentar do Chega, com André Ventura a liderar o protesto, abandonou o Parlamento após uma troca de palavras com Augusto Santos Silva. Antes de sair, e de seguir para um compromisso que tem às 16:00, André Ventura afirmou que não reconhece Santos Silva como presidente da AR.

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O debate desta terça-feira no Parlamento começou com os deputados do Chega a abandonarem o Hemiciclo depois de uma troca de palavras entre André Ventura e Augusto Santos Silva.

André Ventura lamentou que o presidente da AR não tenha condenado as alegadas agressões de que alguns deputados do Chega foram alvo na manifestação pelo direito à habitação, no passado sábado, o que “em qualquer outro país, com quaisquer outros deputados, mereceriam uma condenação clara.

Na resposta, Santos Silva recordou a Ventura provocações por parte dos deputados do Chega em várias circunstâncias.

Depois das trocas de acusações, os 12 lugares do Chega no Parlamento ficaram vazios. Antes de sair, Ventura disse: “Não o reconheço como presidente do Assembleia da República”.

Saliente-se, porém, que o líder do partido tem um compromisso de agenda para as 16:00 desta terça-feira, pelo que, apesar deste protesto, teria sempre de abandonar o Hemiciclo.

O passo a passo da tensão no Parlamento

No sábado, uma comitiva do Chega que incluía três deputados do partido - Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias - foi escoltada pela PSP para fora do local onde estava a decorrer uma manifestação pela habitação e justiça climática, em Lisboa, após protestos de participantes.

André Ventura considerou que Santos Silva tinha hoje a oportunidade de "emendar a mão" e "dizer ao país e ao Parlamento que a violência nunca, em caso algum, é aceitável".

"Se não conseguir fazer isto, é porque o senhor presidente não é presidente de todos os deputados, é porque não é presidente de todos os membros deste parlamento", afirmou.

Na resposta, Augusto Santos Silva considerou que "a violência é sempre condenável" e, num regime democrático, "é ilegal", mas ressalvou que, "para que a convivência democrática se possa estabelecer e decorrer com a normalidade que a Constituição e a lei requerem", é também necessário que não haja "atos de provocação".

"Devemos respeitar as manifestações cujos produtores, cujas motivações e cujos objetivos estão muito distantes dos nossos. Devemos saber respeitar porque essa é uma condição da convivência democrática: nem impedir os outros de se manifestar, nem nos imiscuirmos em protestos ou manifestações que, manifestamente, nada têm a ver connosco", disse.

Após esta intervenção, Ventura voltou a pedir a palavra e a criticar Santos Silva.

"O senhor presidente, meu presidente já não é, desta bancada já não é, de uma parte do país já não é, e eu não o reconheço como presidente da Assembleia da República, e vou-me embora, que é para isso que eu estou aqui", disse, tendo depois toda a bancada do Chega abandonado o plenário.

No sábado, os deputados do Chega Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias, chegaram à Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, pelas 15:00, onde decorria a manifestação pelo direito à habitação, e pouco depois foram recebidos por várias pessoas a gritar "racistas, fascistas, não passarão", a apupar os deputados e a exigir para que se fossem embora.

Os manifestantes juntaram-se em torno dos deputados, o que levou a equipa de intervenção rápida da PSP a rodear os parlamentares, formando um cordão de segurança no qual foram escoltados para fora do local da manifestação.

O convite desmentido

Após as declarações do líder do Chega, a plataforma Casa para Viver, organizadora da manifestação, garantiu que não endereçou qualquer convite ao partido.

“A plataforma Casa para Viver vem desmentir que alguma vez tenha convidado o Chega a participar na manifestação de 30 de Setembro, pela habitação e a justiça cilmática”, lê-se no comunicado enviado às redações, acrescentando que as “declarações do líder do Chega , André Ventura, no Parlamento são a continuidade da provocação montada durante a manifestação”.

Notícia atualizada às 16:28