O diretor-executivo do SNS reúne-se este sábado com os presidentes de administração, diretores clínicos e diretores de urgência dos hospitais.
Ao que a SIC apurou, serão várias reuniões ao longo do dia, presenciais e por videochamada.
A direção executiva do SNS irá apresentar propostas para resolver o problema das urgências, mas quer também ouvir os vários envolvidos.
Entre as propostas poderá estar um plano semelhante ao que foi traçado para as maternidades, envolvendo sempre uma resposta em rede entre os diferentes hospitais.
Nas últimas semanas, alguns hospitais do país estão a enfrentar dificuldades em garantir escalas completas das equipas, sobretudo para os serviços de urgência, uma vez que vários médicos estão a recusar-se fazer mais do que as 150 horas extraordinárias anuais previstas na lei.
Fim de semana preocupante

A norte, Penafiel não terá urgência de cirurgia geral nas próximas duas semanas e no hospital de Matosinhos durante todo o mês de outubro acontece o mesmo ao fim de semana.
O centro hospitalar de Trás dos Montes e Alto Douro diz que para já não há indicação de encerramento em nenhuma das três unidades de Vila Real, Lamego e Chaves. A exceção é a de pediatria em Chaves que está sem funcionar desde segunda-feira e só reabrirá no início da semana.
Na Guarda, o bloco de partos e a urgência de obstetrícia e ginecologia encerram a partir das 09:00 de sábado até à mesma hora de domingo. A urgência geral já tem fortes constrangimentos desde quinta-feira até à manhã de segunda-feira devido à indisponibilidade dos médicos em fazer mais horas extraordinárias, principalmente os especialistas de medicina interna.
Em Coimbra as escalas das urgências do centro hospitalar estão para já asseguradas para todo o mês de outubro, mas sendo unidades de referência podem vir a ser afetadas pela pressão de receber mais doentes vindos de outros locais.
O hospital de Leiria está sem apoio de cirurgia geral à urgência até segunda feira. Também há constrangimentos na cardiologia, com a via verde coronária suspensa. Será o centro de orientação de doentes urgentes do INEM a encaminhar.
No Algarve, ao centro hospitalar chegaram seis pedidos para não fazer mais que as 150 horas. Dois deles já tinham atingido o limite os restantes quatro só produzem efeitos a partir de dia 14, altura em que poderão comprometer as escalas dos cuidados intensivos do hospital de Portimão.
Hospital Santa Maria ativa plano de contingência
A administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ativou esta sexta-feira o plano de contingência. Em causa está a "grande afluência" de doentes ao serviço de urgência, sustentou o diretor do Serviço de Urgência Central, João Gouveia.
Em conferência de imprensa, o clínico alertou que doentes não referenciados "não vão ser atendidos".
"O serviço de urgência [do Santa Maria] está sob uma grande afluência contínua de doentes e que dificulta bastante a nossa missão ", disse.
Neste sentido, o diretor apelou para que apenas recorram à urgência os doentes que necessitam de cuidados urgentes e emergentes.

"Não devemos sacrificar os portugueses", diz Marcelo
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se preocupado com a decisão da administração do Hospital de Santa Maria.
O chefe de Estado afirma que será crucial encontrar no diálogo pontos positivos nos próximos dias, alertando para a importância de não sacrificar os portugueses.
“Há uma clara de noção da parte de todos da importância de que não devemos sacrificar os portugueses, e a minha expectativa é que nos próximos dias fosse possível encontrar nesse diálogo pontos positivos”.
O Presidente da República disse ainda que está preocupado com a situação e que está a acompanhar os desenvolvimentos, referindo que esteve na num encontro internacional mas sempre “de olho” na saúde portuguesa.
"Estou a tentar informar-me sobre as hipóteses que há de manter o diálogo até ao limite do possível. Se não estive preocupado com a situação não estava no meio de uma reunião internacional e sempre a acompanhar tudo o que se passa na saúde em Portugal", atirou.