Luís Montenegro expressou as suas preocupações sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde a Marcelo Rebelo de Sousa, onde disse haver uma descoordenação entre diretor executivo e ministro da Saúde. Para o líder da oposição, o modelo do Governo socialista está gasto e precisa de uma reforma estrutural para as próximas décadas.
O presidente do PSD apresentou-se esta quarta-feira em Belém, após as declarações do diretor executivo do SNS sobre como estará a Saúde em novembro.
Montenegro visou como prioridade “tranquilizar o povo português”, impor a “verdade” e “projetar o futuro”, na sua audiência urgente com o Presidente da República.
O líder da oposição disse também que apenas transmitiu o essencial e “mais importante”: o setor da saúde precisa “de uma diligência forte”.
“Com uma dimensão estratégica e estrutural, precisamos de um pacto nacional para a saúde, que envolva Governo, partidos e todos os setores de atividade, público, social e privado”, explica, acrescentando que “o país precisa de um líder capaz de juntar as pessoas, juntar os setores e partidos políticos para podermos ter estabilidade no caminho de afirmação e concretização do direito de acesso universal e gratuito aos portugueses”:
Luís Montenegro disse que já não se pode esconder a realidade do SNS e que o próprio Governo antecipa o caos para os próximos meses.
O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) alertou que novembro pode ser o mês mais difícil de sempre para os hospitais públicos, se não houver acordo entre médicos e o Governo. Mas Montenegro refere que acordo não resolverá tudo.
“Também é preciso dizer que o país tem de saber a verdade, independentemente de se chegar a um acordo, não podemos ter a expectativa falsa de que todos os problemas do SNS estão dependentes desse acordo, é preciso tranquilizar mas ter sentido de responsabilidade”, refere Montenegro.
Para o PSD, mesmo que se acorde algo entre médicos e Governo, tal não fará com que o SNS comece a melhorar a sua prestação de serviços.
Por outro lado, Montenegro também refere que, tanto o ministro da Saúde, como o diretor executivo estão descoordenados.
“É de evitar que, por um lado, o ministro da Saúde apareça a funcionar como diretor executivo do SNS e esse apresentar-se como ministro. O que aconteceu ontem e hoje é extraordinário, os dois aparecem a rivalizar com duas entrevistas tentando um justificar o trabalho do outro”, justifica o social-democrata.
Para o líder da oposição, os quase nove anos de governação socialista mostram o “fracasso completo” da solução que António Costa apresentou para o SNS.
Mais. O social-democrata entende que o Governo está numa “fase descendente” e que é preciso haver “bom senso” para projetar a saúde dos portugueses para as próximas duas ou três décadas.
Fernando Araújo e o mês difícil
Em entrevista ao jornal Público, publicada esta terça-feira, Fernando Araújo afirma que os profissionais devem “reclamar direitos, mas de uma forma que seja eticamente irrepreensível”.
Na sexta-feira, o ministro da Saúde vai receber os principais representantes dos médicos para retomar as negociações. Fernando Araújo revela que a questão das 150 horas extra está a condicionar o processo de reorganização das urgências.
O responsável pelo SNS avisa ainda que, em breve, as urgências hospitalares estarão abertas apenas para doentes referenciados pela linha de saúde 24.