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Nova ronda: cedência do Governo não convence sindicatos dos médicos

À entrada para o encontro, o ministro da Saúde manifestou uma cedência e, em troca, pediu apoio dos médicos. Mas, do lado dos sindicatos, não há uma satisfação plena com a proposta do Governo. O SIM já anunciou que vai apresentar uma contraproposta e a FNAM, mais crítica, assegura que a proposta em cima da mesa é insuficiente mas não fecha portas.

Nova ronda: cedência do Governo não convence sindicatos dos médicos
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Os sindicatos e Governo estão nesta altura reunidos. À entrada para a reunião, o ministro da Saúde defendeu que o Governo fez uma grande aproximação às reivindicações dos médicos, mas reiterou que não se pode pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde. Já os sindicatos médicos mostram-se disponíveis para chegar a um acordo, mas também deixaram um aviso.

À entrada para a reunião com o ministro da saúde, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos adianta que vai apresentar uma contraproposta que inclui a redução progressiva do horário dos médicos do serviço de urgência. Roque da Cunha diz que é fundamental chegar-se a acordo.

Um acordo "está nas mãos do Governo, que aceitou reduzir os horários (…) Mas as circunstâncias concretas, do nosso ponto de vista, não fazem sentido", adiantou Jorge Roque da Cunha, antes do início da reunião, acrescentando que o espírito é "construtivo e à vontade de chegar a acordo", mas alertou que "é importante que o Governo perceba que, se a situação continuar como até agora, vai piorar, e mudar está totalmente nas mãos do ministro da Saúde".

Certo é que, para o SIM, "falar da diminuição da capacidade do SNS, vindo de um Governo de maioria absoluta que está há oito anos no poder, é responsabilidade do Governo".

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No mesmo sentido, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considera insuficiente a proposta do Governo e diz que a apresentação tardia do documento revela incompetência.

"Pela Federação Nacional dos Médicos, esse acordo só não acontece se o Governo não tiver vontade política para chegar a acordo. (…) Recebemos a contraproposta do Governo às 00:36 de hoje, o que demonstra a falta de competência e de diligência a que já estamos habituados há 18 meses, o que mostra que o Governo não quer resolver a situação", disse Joana Bordalo e Sá, à entrada para a reunião no Ministério da Saúde.

O que o Governo quer, disse Joana Bordalo e Sá, "não é um verdadeiro faseamento [da redução das horas de serviço e das horas feitas nas urgências] , é uma moeda de troca, pedem mais trabalho para essa reivindicação ser aceite, e a contraproposta do Governo é omissa sobre os salários".

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As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a FNAM iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

Esta situação levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a avisar que se os médicos não chegarem a acordo com o Governo, novembro poderá ser o pior mês em 44 anos de SNS.