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Cinco mil euros para festival e apoios à equipa de futebol: o que foi prometido à Câmara de Sines

A indiciação do Ministério Público aponta pressões de Lacerda Machado, melhor amigo de António Costa, e dois responsáveis da Star Campus para acelerar a construção de um mega centro de dados na região. Em troca, a empresa deveria investir no Festival de Músicas do Mundo, no clube de futebol local e num projeto social.

Cinco mil euros para festival e apoios à equipa de futebol: o que foi prometido à Câmara de Sines
ANDRÉ KOSTERS/LUSA

O Ministério Público (MP) alega, na indiciação do processo que nasceu com a Operação Influencer, que o advogado Diogo Lacerda Machado e os executivos da Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, com o apoio de Vítor Escária, “reiteradamente contactaram o suspeito Nuno Mascarenhas (presidente da Câmara de Sines, eleito pelo PS) e pressionaram-no” para que este acelerasse “a tomada de decisões ilícitas”. Face a essas pressões, o autarca terá pedido a entrega de contrapartidas.

Estas “decisões ilícitas” passavam, segundo o MP, por “conferir andamento, favorável e mais célere, a procedimentos administrativos relativos direta ou indiretamente” à Start Campus, que pretende construir um mega centro de armazenamento de dados em Sines.

Ora, “na sequência dessas pressões”, o autarca acabou por propor uma moeda de troca para facilitar a aprovação dos pedidos da empresa ao município, em matérias de urbanismo.

Bastava que a Start Campus - “ou clientes desta” - entregasse um patrocínio de cinco mil euros ao Festival de Músicas do Mundo de Sines, além de “um valor ainda não apurado às equipas de futebol jovens do Clube de Futebol Vasco da Gama de Sines e ainda um valor não apurado para um projeto social da Câmara de Sines”.

Quem é quem na Operação Influencer?

Há oito arguidos na Operação Influencer, dos quais cinco foram detidos. São eles Diogo Lacerda Machado, advogado e melhor amigo de António Costa; Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro demissionário e que foi, entretanto, exonerado; Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines; e Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, administradores da sociedade Start Campus.

Além disso, foram constituídos arguidos João Galamba, ministro do Ambiente, Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente e João Tiago Silveira, ex-secretário de Estado do executivo de José Sócrates.