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"Na memória coletiva, isto vai deixar mossa no Partido Socialista"

A cientista política Paula Espírito Santo analisa os próximos passos do Presidente da República e, também, do Partido Socialista que terá de "Limpar" a sua imagem para as próximas eleições.

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Paula Espírito Santo, professora de Ciência Política do ISCSP, considera que tudo aponta para que o Presidente da República convoque eleições antecipadas e que este caso crie uma “mossa" no Partido Socialista que será aproveitada pela oposição.

“Tudo aponta nesse sentido e provavelmente as eleições antecipadas serão a melhor saída, do que estamos a observar e de todos os dados que vão surgindo dentro desta sociedade de informação livre que temos e todo o contexto é demasiado nebuloso para que houvesse confiança política na manutenção do Governo, apesar de não ser a melhor solução, será dar aos eleitores a escolher de novo”, referiu a professora de Ciência Política.

Apesar da decisão ser minimamente antecipável, Paula Espírito Santo acredita que estas investigações não vêm num momento favorável para o país, muito menos para o calendário político, com um Orçamento do Estado por aprovar e ser discutido na especialidade.

“Acarreta consequências do foro económico, mas o Presidente da República está a procurar fazer uma conciliação dentro do contexto que temos, que estávamos no inicio da aprovação do Orçamento do Estado, não é realmente o melhor momento, há sempre alternativa e termos OE em duodécimos, mas tudo aponta para que o Presidente da República queira que haja um OE aprovado”, explica a cientista política.

A respeito da continuação da legislatura, até ao fim, Paula Espírito Santo acredita que essa opção não seria viável, tendo em conta a névoa que se sobrepôs no Partido Socialista com a Operação Influencer.

“Não sabemos o que sairá deste novo processo, que vai desencadear-se dentro do partido e estas eleições vão trazer novos rostos, que também tem a vantagem de não ter tantos anticorpos. Na memória coletiva, isto vai deixar mossa no PS e será aproveitado pela oposição”, esclarece.

Por último, a professora universitária esclareceu que este caso irá ser um recurso que terá de ser gerido por quem vier a liderar uma campanha no lado do PS, tendo em conta “os eleitores descontentes com o sistema político, que favorecem os partidos mais populistas e vão cavalgar todas as fragilidades dos sistemas políticos”.

O Presidente da República reúne-se esta quinta-feira, às 15:00, com os conselheiros de Estado para fornecerem o seu parecer sobre a decisão a tomar para resolver a crise política. Depois, Marcelo Rebelo de Sousa anunciará ao país o veredicto final.