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Há mais de 1.600 doentes a viver nos hospitais públicos por não terem para onde ir

Este total representa quase 10% do total de camas na rede pública. Muitos utentes aguardam por lugares em lares ou unidades de cuidados continuados.

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Só no Hospital de Santa Maria, em Lisboa e que é o maior do País, há quase 100 doentes que não precisam de cuidados de saúde e já receberam alta médica, mas continuam internados porque não têm quem os receba.

Esperam por vagas em lares ou na rede de cuidados continuados. Metade permanece no hospital, a outra metade está no setor social ou privado, em camas alugadas pelo próprio Hospital de Santa Maria.

“Temos uma equipa de quatro assistentes sociais a trabalhar no serviço de Urgência diariamente para tentar arranjar uma zona confortável para esses doentes ficarem”, explica Rui Tato Marinho, diretor clínico do hospital, acrescendo que “não podemos culpabilizar ninguém” pois as famílias “têm vida ativa, têm de trabalhar, tratar dos filhos, e é difícil ficar com os seus pais ou avós em casa”.

Os hospitais públicos portugueses tinham em março mais de 1.600 doentes internados indevidamente. Representam quase 10% do total de camas disponíveis
em todo o Serviço Nacional de Saúde. O balanço foi feito pela Associação de Administradores Hospitalares e pelos trabalhadores do setor social.

Já a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, contactada pela SIC, apresenta um número muito mais baixo.

Diz que em agosto, no último balanço feito, estavam nos hospitais públicos a aguardar por uma vaga 580 pessoas.

O setor social diz que é urgente uma intervenção política para mudar o apoio domiciliário, reconhecer o estatuto do cuidador informal e dar mais apoio às famílias que passam a ter de prestar cuidados constantes a familiares doentes.