O líder do Chega saudou esta quinta-feira "a clarificação" da procuradora-geral da República (PGR) sobre a Operação Influencer e o inquérito autónomo ao primeiro-ministro, enquanto o PAN considerou que os esclarecimentos de Lucília Gago ficaram aquém do necessário.
André Ventura e Inês Sousa Real reagiram no Parlamento às declarações de Lucília Gago, à margem de uma conferência sobre violência doméstica na sede da Polícia Judiciária (PJ), nas quais a PGR assegurou não se sentir responsável pela demissão do primeiro-ministro e disse que o último parágrafo do comunicado emitido a 7 de novembro relativo ao inquérito a António Costa decorreu de uma "necessidade de transparência".
André Ventura apontou como "ponto positivo" da mensagem da PGR que esta tenha clarificado que "o Ministério Público nunca podia ficar associado à ideia de proteção ao primeiro-ministro ou a qualquer membro do Governo".
"E clarificou muito melhor do que qualquer partido as razões pelas quais o decidiu dizer: porque havia de facto suspeitas sobre o primeiro-ministro - venham elas a verificar-se ou não - e estas tinham de correr no Supremo [Tribunal de Justiça]. Não era possível que o Ministério Público ocultasse", disse.
Por outro lado, o líder do Chega manifestou concordância com a interpretação da PGR de que "não é por culpa" do Ministério Público que o Governo se demitiu".
PAN não fica satisfeito
Também em declarações no Parlamento, a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, expressou uma opinião bastante diferente sobre o tema e considerou que as declarações da PGR ficaram "aquém do que os portugueses esperavam".
"Mais do que justificar a sua não ingerência ou a sua não intenção de deitar o governo abaixo, seria importante explicar se o erro material que ocorreu no processo se ficou a dever ou não à falta de meios do Ministério Público", afirmou a deputada, referindo-se à alegada troca de nomes no despacho do MP entre António Costa, primeiro-ministro, e António Costa Silva, ministro da Economia.
A deputada do PAN salientou que o partido apresentou, em sede de especialidade no Orçamento do Estado, propostas para reforço de meios em departamentos do Ministério Público, pelo que considerou essencial que Lucília Gago se tivesse referido a este tema.
Por outro lado, a deputada única do PAN defendeu que "em processos complexos" como a Operação Influencer "o poder judicial e não apenas o poder político deve habituar-se a comunicar diretamente com os cidadãos", considerando insuficiente "os meros comunicados escritos" do Ministério Público.
“Não me sinto responsável por demissões”, diz PGR
Lucília Gago rejeitou qualquer responsabilidade do Ministério Público na demissão do primeiro-ministro. "A Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público, investiga, perante a notícia da prática de factos, aquilo que deve investigar. Aquilo que resulta da lei é que deve investigar", disse.
Questionada sobre o último parágrafo do comunicado emitido no dia 7 de novembro pela PGR a propósito da Operação Influencer e que fazia referência à existência de um inquérito autónomo relativo ao primeiro-ministro, António Costa, no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, Lucília Gago vincou que o mesmo tinha de estar incluído na nota divulgada.
"Esse parágrafo é um parágrafo que diz com transparência aquilo que estava em causa no contexto da investigação que está em curso. É uma necessidade de transparência, de informação relativamente à investigação que está em curso e, portanto, teria naturalmente de ser colocado, sob pena de, não constando do comunicado, se poder afirmar que estava indevidamente a ocultar-se um segmento da maior relevância", disse.
Com LUSA