A Ordem dos Médicos abriu um processo disciplinar ao ex-secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, juntamente com os médicos envolvidos no caso das gémeas luso-brasileiras. O Parlamento ouve hoje Ana Paula Martins, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Para Isabel de Santiago, professora e investigadora em Comunicação em Saúde, "houve uma intromissão inaceitável dos agentes políticos, que nos põem uma sensação de descrédito”.
“A verdade é que houve uma intromissão política e, portanto, isto é uma situação política. Ninguém discute a necessidade de salvar a vida e dar qualidade de vida destas outras crianças como outras existem, aliás”, considera Isabel de Santiago.
Concretamente sobre a posição de Lacerda Sales neste caso, sublinha: "é uma inqualificável intromissão todo o processo, toda a relação que ele teve neste processo e envolver a atual e cessante Presidente do centro hospitalar Lisboa norte, a professora Ana Paula Martins e pô-la nesta situação extremamente desagradável é também uma situação inqualificável".
A professora e investigadora em Comunicação em Saúde reforça que houve "uma intromissão inaceitável dos agentes políticos, que nos põem uma sensação de descrédito, que basicamente se traduz numa palavra que é iniquidade”.
"Verificamos que diariamente há escândalos na imprensa nacional sobre as listas de espera sobre o acesso do encerramento das urgências e depois há estes privilégios que, do meu ponto de vista, também como mãe de três filhos, são absolutamente incompreensíveis", realça.
Isabel de Santiago refere também o artigo de sua autoria “A insustentável mentira AME(N), Marta” publicado no Health News, no qual tece duras cíticas à ex-ministra da Saúde, Marta Temido.
“É óbvio que houve um pedido, houve uma intromissão política por parte de algum familiar do chefe de Estado português e este pedido é dirigido, obviamente, à ministra com quem havia uma relação de grande proximidade (…) A ex-ministra Marta Temido terá encaminhado ao secretário de Estado, Lacerda Sales, que, por ser médico, encaminhou nos trâmites competentes”.