O antigo Presidente da República defende num artigo de opinião, que assina esta segunda-feira, no jornal Público, que a ideia de "contas certas" é uma tentativa "do poder socialista para iludir os portugueses" e esconder "a incompetência e a baixa qualidade moral de alguns ministros". Para o analista de ciência política Bruno Costa, esta é mais uma demonstração que torna evidente “a entrada de novo na política ativa do ex-Presidente da República”.
“Com a presença no último Congresso, um congresso estatutário do PSD e com este artigo de opinião, Cavaco Silva passa claramente uma mensagem da importância da relevância deste momento político para o país, da importância destas eleições para o país, e acaba por dar aqui nota dos insucessos da governação, ou seja, procurar também ajudar o seu partido PSD e Luís Montenegro a conseguir um bom resultado nestas nestas eleições”.
“Obviamente que este regresso à atividade política não é o regresso a uma atividade política para desempenhar qualquer cargo, como é óbvio, mas procurar através da sua influência, da sua palavra, procurar aqui influenciar o resultado das eleições”, explica Bruno Costa.
Em relação ao ataque às “contas certas” do Governo, o analista político considera que não deixa de ser interessante Cavaco Silva utilizar esta argumentação, porque este seria sem dúvida, um dos pontos centrais ou um dos pontos de maior difícil argumentação do PSD.
“O PSD utilizou este discurso durante vários anos, ou seja, o discurso das contas certas, o discurso do rigor orçamental em oposição a um despesismo do Partido Socialista ou da governação socialista. Neste momento, tendo em conta que esta argumentação, acaba por defender de certo modo a governação de António Costa, defender a governação e a ação de Fernando Medina”, considera.
Para Bruno Costa, Cavaco Siva deu início a uma narrativa que será seguida por outros dirigentes do PSD e que que pretende desmontar o sucesso das contas certas do Governo socialista.
“Não basta ter contas certas ou haver aqui um excessivo olhar sobre o Orçamento, se depois o Governo não consegue colocar a funcionar com eficiência e ao serviço dos cidadãos um conjunto de serviços fundamentais, seja na área da saúde, seja na área da educação, seja, por exemplo, a política da habitação”.
"É fácil ter contas certas quando não há investimento público ou quando há investimento público mal efetuado e que, de certo modo, não responde às exigências ou às preocupações das da sociedade", conclui Bruno Costa, na análise à argumentação do antigo Presidente da República.