País

Há cada vez mais empresas a contratar pessoas com deficiência

A lei das quotas de emprego para pessoas com deficiência, que tem novas regras a partir do próximo ano, está em vigor desde fevereiro. E há cada vez mais empresas a contratar trabalhadores com algum grau de incapacidade.

Loading...

Isaias Gomes trabalha como repositor na secção de bebidas do supermercado. Há cinco anos desempenha a tarefa e não fossem os pequenos pormenores, num ou outro momento, ninguém perceberia que Isaias tem uma incapacidade permanente.

“Quem olha para mim não percebe. Se não estou no telefone ou a ver alguma coisa que exige mais atenção, não percebe que eu tenho baixa visão e baixa audição devido à febre da meningite. E eu tive muita sorte de não ter ficado com mais sequelas”, conta.

Isaias Gomes é um dos muitos funcionários com deficiência a trabalhar no El Corte Inglés, onde a inclusão faz parte da politica da empresa desde a fundação.

"Temos pessoas com deficiência em praticamente todas as áreas (...) O que tem de haver é um match e análise de cada situação em particular, tendo em conta a deficiência, não com o foco na deficiência, mas na capacidade. Neste momento tempos 3% da equipe com pessoas com alguma incapacidade, a nível nacional", diz Paula Lobinho.

Isaias veio de Cabo Verde ainda criança para fazer tratamentos. Em Portugal concluiu o nono ano, mas não conseguiu terminar o curso técnico profissional devido às questões de saúde. Dedicou-se ao atletismo, mas um dia precisou também de encontrar trabalho para enfrentar a vida.

Foi na Operação de Emprego para Pessoas com Deficiência (OED) que Isaias encontrou a orientação e o caminho que o levou a ter emprego. Este serviço gratuito, da Fundação Liga, é especializado na procura de trabalho para pessoas com deficiência.

O que diz a lei?

A OED existe há 33 anos, mas agora, com a mudança na legislação laboral, as solicitações mudaram repentinamente.

Desde fevereiro que empresas com mais de 100 funcionários são obrigadas a preencher um quota de trabalhadores com deficiência. Para 2024 serão incluídas as empresas com mais de 75 trabalhadores.

Uma medida para garantir a inclusão e a igualdade de oportunidades, que ainda assim pode não ser completamente equilibrada.

“Atendemeos cada vez mais licenciados”

Depois de varias experiências, Pedro Salgado veio à procura de nova oportunidade. Tem 54 anos, um curso superior de comunicação, a que que se junta um transtorno bipolar que lhe confere uma singularidade para preencher qualquer vaga.

“No início éramos procurados por pessoas com baixas qualificações, agora já atendemos muitas pessoas com licenciaturas e mestrados. Nos últimos dois anos, a taxa de colocação foi cerca de 46%”, afirma a coordenadora da Operação Emprego para Pessoas com Deficiência, Sara Pestana.

A lei prevê coimas para as empresas que não cumpram as quotas. Podem ir dos 600 aos 10.000 euros. A fiscalização cabe à autoridade para as condições do trabalho.