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Acordo na COP 28: "Agridoce pelas soluções demasiado genéricas e por vezes contraditórias"

O ambientalista Francisco Ferreira realça progressos em relação ao documento anterior, mas também deixa aquém questões difíceis, como o financiamento climático.

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A Presidência da COP28 divulgou esta manhã uma nova proposta de acordo que prevê, pela primeira vez, o fim dos combustíveis fósseis de forma transitória até 2050. Francisco Ferreira da Associação ZERO está a acompanhar a cimeira e, embora considere que este texto revela progresso em relação ao anterior, deixa muitas soluções em aberto para o fim dos combustíveis fósseis.

“Este texto final fala realmente de uma transição energética, onde há um abandono dos combustíveis fósseis. É sem dúvida um texto que tem muitos elementos positivos, mas também deixa aquém questões difíceis, por exemplo, garantir o financiamento climático e [deixa] muitas soluções em aberto em relação a este objetivo de deixarmos os combustíveis fósseis, isto é, o carvão, o gás natural, o petróleo”.

Em relação ao carvão, Francisco Ferreira diz que neste texto “realmente há uma diferença grande em relação ao texto anterior, este é muito mais ambicioso”, não menciona acabar com o uso de carvão, mas de uma diminuição progressiva, principalmente na produção de eletricidade.

É o acordo possível, mas revela progressos no combate às alterações climáticas, considera Francisco Ferreira.

“O acordo, numa primeira análise, é positivo, apesar de algum sabor agridoce pelo conjunto de soluções que aponta e que são demasiado genéricas e por vezes contraditórias para este objetivo forte de reduzir as emissões e atingir a neutralidade carbónica em 2050".

“É o acordo possível. Eu diria que não é a revolução e a aceleração que nós gostaríamos, mas sem dúvida que é um avanço naquilo que é o esforço que tem de ser feito à escala mundial e com realmente esta menção clara a uma transição com um esforço maior até nesta década, até 2030”.

Francisco Ferreira revela que a União Europeia é favorável a este texto, depois de ter tido a oportunidade de falar com o Ministro do Ambiente de Portugal e discutir algumas opiniões neste sentido.

“Nós gostaríamos obviamente, de algo bem mais forte, mas sem dúvida que há o avanços muito importantes”.