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Caso das gémeas é campanha eleitoral ou exige comissão de inquérito? Polémica divide Parlamento

As conclusões da auditoria ao Hospital de Santa Maria sobre o tratamento das bebés luso-brasileiras revelam que a primeira consulta foi agendada por um elemento do Ministério da Saúde, à margem do protocolo que deveria ter sido seguido.

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A conclusão do relatório da auditoria interna ao Hospital de Santa Maria é simples: alguém do Ministério da Saúde ligou para agendar uma primeira consulta para as gémeas luso-brasileiras que acabaram por receber o tratamento para a atrofia muscular espinhal, não cumprindo os procedimentos devidos nestes casos.

“A Iniciativa Liberal decidiu chamar o ex-secretário de Estado Lacerda Sales e a ex-ministra da Saúde Marta Temido à comissão de Saúde. Aquilo que espero é que o PS não paralise as duas audições com os mesmos fundamentos com que paralisou os requerimentos para ouvir estas duas pessoas, que foram anteriormente apresentados”, defendeu Rui Rocha, presidente da IL.

Luís Montenegro apelou à necessidade de “rapidamente encerrar esse assunto, sabendo tudo aquilo que se passou e tirando as devidas conclusões e ilações”.

“É necessário saber a verdade”, sublinhou o líder do PSD, referindo que “é mais uma vez aí que esbarramos com a maioria absoluta do PS”.

Uma comissão parlamentar de inquérito pode ser o próximo passo, mas, a acontecer, só na próxima legislatura.

“O que nós precisamos é que todas as situações em torno deste caso sejam esclarecidas, mas não é em março ou maio do próximo ano, é o mais rapidamente possível”, afirmou Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP.

Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, lembrou que o Parlamento será dissolvido no dia 15 e, com isso, “qualquer viabilidade de uma comissão séria está posta em causa”, lembrando que situações “muito sérias como o acesso aos cuidados de saúde” não devem ser usadas “como números de campanha” eleitoral.

Também o Chega já admitiu vir a pedir a constituição de uma comissão de inquérito, assim que o novo Parlamento for constituído, mas há mecanismos parlamentares que dispensam o recurso ao inquérito para ouvir depoimentos e que podem ser usados até dia 15 de janeiro.