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Presidente dos socialistas europeus aposta em António Costa: "Tens o nosso apoio"

O primeiro-ministro, António Costa, já disse que não está na luta pela presidência do Conselho Europeu, mas fica também claro que não fecha portas se a luta por um cargo de topo vier até ele.

António Costa
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António Costa quer que a dívida pública fique, já este ano, abaixo dos 100%. Para isso, tenta que Bruxelas acelere a nova transferência do PRR, uma negociação feita à margem do Conselho Europeu. A reunião aprovou as negociações de adesão com a Ucrânia, mas falhou o novo pacote de ajuda financeira a Kiev. Em Bruxelas, António Costa não fecha portas a cargos europeu, mas garante que não quer a Presidência da Republica.

A reunião do Conselho da Europa era para decidir o apoio dado à Ucrânia, mas António Costa trazia também outra negociação em mente - e o colega finlandês era um dos potenciais aliados.

“A dívida está nos 100,6% e estamos a tentar que fique abaixo dos 100%”, disse António Costa ao primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo.

O Governo tinha atirado o objetivo para o próximo ano, mas agora, com a saída antecipada de António Costa de S. Bento, o primeiro-ministro tenta antecipar a próxima meta e conseguir o trunfo antes da eleições.

“Se pudéssemos ficar já, acho que era obviamente bom para o país. Sobretudo num contexto de grande agitação internacional, e é também um bom sinal para os mercados, num momento em que há uma crise política, os mercados sentirem que o país pode passar estes meses com tranquilidade”, defende António Costa.

A estratégia passa por acelerar o pagamento das novas tranches do PRR, para que a transferência de 2 mil e 600 milhões de euros chegue aos cofres do estado antes do final deste ano.

Validar a avaliação positiva do PRR

À margem da cimeira europeia, António Costa falou com quem o pode ajudar a acelerar a reunião do Comité Económico e Financeiro (CEF), inclusive com a secretária-geral do Conselho, Thérèse Blanchet.

O CEF, que reúne os 27 estados-membros tem de validar a avaliação positiva que a Comissão Europeia já fez do PRR.

“Se conseguirmos ficar mesmo dos 100% seria, obviamente, bom. Se não ficarmos mesmo abaixo dos 100%, e ficarmos à volta dos 100%, acho que é um grande sinal”, afirma primeiro-ministro.

Com Natal pelo meio, o calendário político é apertado do lado da Comissão Europeia, havendo também disponibilidade para acelerar o passo.

“Apoio-te pessoalmente pela liderança que demonstraste”

António Costa e o Comissário dos Assuntos Económicos, Paolo Gentiloni, cruzaram-se na quinta-feira, na reunião dos socialistas europeus - um ponto habitual de encontro que antecipa as cimeiras.

Antes da investigação que levou à detenção do seu chefe de Gabinete e melhor amigo, e à queda do Governo, António Costa era visto como potencial candidato da família socialista à presidência do Conselho Europeu.

Ainda assim, no Partido Socialista Europeu (PSE) há quem acredite que nem tudo está perdido para António Costa nos cargos europeus.

“Tens o nosso apoio. Apoio-te pessoalmente pela liderança que demonstraste. Isso é verdadeira liderança”, afirma o presidente do PSE, Stefan Lofven.

António Costa já disse que não está na luta pela presidência do Conselho Europeu, mas fica também claro que não fecha portas se a luta por um cargo de topo vier até ele.

Fontes diplomáticas e europeias ouvidas pela SIC dão conta de que o nome do primeiro-ministro ainda pode ser opção para a presidência do Conselho Europeu, mas avisam que não era fácil e que primeiro terá de livrar-se de quaisquer suspeitas.

Já Luís Montenegro acusa António Costa de tentar reabilitar a imagem e de fazer campanha com os meio do Estado.