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Vigília de protesto em frente à Assembleia da República junta centenas de polícias

O presidente do Sindicato Nacional da Polícia diz que o Governo não valoriza a PSP e a GNR da mesma forma que valoriza a PJ. O mau estado das viaturas de patrulha é outra das contestações.

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O protesto de polícias da PSP por melhores condições salariais e de trabalho prossegue esta terça-feira, após centenas de agentes se terem concentrado na segunda-feira frente ao Parlamento e à Câmara do Porto e de terem parado as viaturas.

Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia, em declarações à SIC Notícias, diz que "o apoio de todos os sindicatos" a este protesto é importante, uma vez que "a luta é de todos".

"O que se está a passar é de tal maneira grave que tínhamos de estar presentes, principalmente quando a segurança pública poderá estar em causa", afirma.

Sublinha que a PSP não está contra o pagamento do suplemento aos agentes da PJ, apenas considera discriminatório o Governo "não ter tido medida idêntica para os profissionais da Polícia de Segurança Pública e para os militares da Guarda Nacional Republicana".

"Não vemos da parte do Governo intenção de valorizar a Polícia de Segurança Pública e a GNR da mesma forma que valorizou a Judiciária", aponta.

Mau estado de muitas viaturas é motivo de contestação

Outra das contestações desta força de segurança é o mau estado de muitas viaturas de patrulha. Armando Ferreira refere que, até agora, os elementos das autoridades aceitavam conduzi-las "à sua conta e risco".

Na segunda-feira, "em solidariedade" para com o protesto que está a decorrer, os profissionais decidiram identificar as deficiências das viaturas "que põem em causa a segurança".

"A frota da PSP, devido à falta de investimento ao longo dos anos, está num estado de manutenção muito mau e também não tem havido renovação com viaturas novas. Isto faz com que cerca de 70 ou 90% da frota possa ser encostada", declara.

Protesto chegou a juntar mais de 300 pessoas

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos, disse que às 02:00 desta terça-feira mantinham-se algumas dezenas de elementos concentrados na cidade do Porto, em frente à Câmara Municipal, onde chegaram a estar mais de 300 pessoas.

O responsável lembrou que "o protesto é espontâneo", não tendo sido organizado por qualquer sindicato, e disse ter havido uma mobilização de dezenas de comandos para este protesto, que levou ainda à paragem de dezenas de viaturas em vários comandos.

Segundo disse, houve uma mobilização para este protesto de comandos como Braga, Faro e até Açores e que elementos de locais como Caldas da Rainha, Leiria e Castelo Branco juntaram-se à concentração junto à Assembleia da República, em Lisboa, onde pelas 08:45 estavam pelo menos mais de uma dezena.

"Atingimos uns milhares de pessoas no geral. Só Porto e Lisboa concentraram mais de 1.000 pessoas", afirmou Paulo Santos.

Suplemento pode representar aumento de centenas de euros

A contestação dos elementos da PSP teve início após o Governo ter aprovado, em 29 de novembro, o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, nalguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês. Os polícia consideram que há um "tratamento desigual e discriminatório".

O responsável admitiu ainda que, noutros pontos do país, também possam estar a acontecer concentrações, mas sublinhou: "é um protesto espontâneo e o que posso dizer é que levo quase 23 anos na polícia e que se nota muita predisposição, muita naturalidade e muita vontade [dos agentes] em estarem presentes nestas iniciativas".

Questionado pela Lusa sobre se ainda contava ter alguma resposta de um Governo já em gestão, Paulo Santos respondeu: “O governo de gestão, pelo menos por aquilo que tenho percebido, não está impossibilitado de dar passos políticos”.

"Está obviamente numa situação de gestão, condicionado nalgumas situações, mas tem disponibilidade política para ouvir as estruturas, para ouvir os profissionais e até para dar resposta, desde que o Presidente da República não considere que aquela medida coloca em causa a própria estabilidade do país", afirmou.

Paulo Santos referiu ainda que, com este protesto, os polícias querem passar uma mensagem também para o futuro Governo: "Pelo menos coloquem a questão da segurança interna na agenda".

Com Lusa