Em análise no Jornal do Dia da SIC Notícias, Daniel Oliveira e Ricardo Costa debateram o impacto da crise no Global Media Group (GMG) no jornalismo em Portugal, e que medidas deveriam ter sido tomadas para prevenir esta crise.
Na visão do diretor de Informação do grupo Impresa, o GMG é o pior grupo para discutir o futuro dos media, pois este é um órgão de comunicação social que tem “problemas de raiz”.
O jornalista Daniel Oliveira defende que o apoio do Estado à comunicação social é uma das soluções, opinião que Ricardo Costa corrobora, ainda que discorde da ideia de que o jornalismo “não pode dar lucro”, acrescentando que existem hoje em dia “órgãos de comunicação social, alguns do século 19, que que são altamente lucrativos”.
Ricardo Costa realça que “estamos a olhar para uma situação gravíssima”.
“O problema e a complexidade deste tema é que estamos a discutir várias coisas ao mesmo tempo, no meio de uma crise gravíssima onde há centenas de funcionários, muitos deles jornalistas, que não estão a receber ordenado e que, mais grave, não fazem ideia de quando é que o vão receber”, defende Ricardo Costa.
Acrescenta ainda que “Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) tem de funcionar”.
“A ERC tem a possibilidade, se quiser, de parar um negócio ou de o reverter e de pôr ordem na casa, para os acionistas resolvam a situação e assumam todas as obrigações”, acrescentando ainda que uma nacionalização “não faz nenhum sentido”, pois este “é um setor regulado que tem de funcionar”.
“Porquê que a GMG é o pior grupo para discutirmos o futuro dos media?”
“Há um problema na GMG que tem mais de 20 anos”, defende o jornalista.
“Quando a Portugal Telecom decide vender a GMG [antiga Lusomundo] em 2004 é cometido o primeiro erro. […] E depois, à boa maneira portuguesa, várias pessoas decidiram que não, que tinha de ficar em Portugal, convenceram Joaquim Oliveira a comprar o GMG emprestando-lhe o dinheiro todo, o que provocou um buraco brutal no BCP nos anos seguintes”, explica Ricardo Costa.
Daniel Oliveira, parafraseando o jornalista Pedro Coelho, afirma que “durante 200 anos houve um casamento feliz entre o capitalismo e a liberdade de imprensa”, mas que hoje em dia há “um processo de fragilização dos grupos que os torna presas fáceis”.
“Defendo o apoio do Estado à comunicação social, pela simples razão de que a comunicação social, do meu ponto de vista, num país da dimensão de Portugal com a escala portuguesa, não vai ser rentável, pelo menos garantindo os níveis mínimos de pluralismo de informação”, explica.
O jornalista acrescenta que, defendendo o apoio público, “neste caso ele só pode ser cego”.
“É preciso deixar muito claro o que é que é órgão de comunicação social e o que é que não é. […] O Estado não deve apoiar só as empresas, deve apoiar o jornalismo”. acrescenta.