A linha de alta velocidade é um tema discutido há anos e, agora, que finalmente foi dado o primeiro passo, há quem tivesse feito diferente. Quase 40 especialistas, engenheiros, professores, consultores ou economistas estão chocados com a escolha da bitola ibérica.
“O que estamos a fazer é investir raízes de dinheiro numa ferrovia que não resolve o problema do comércio com a Europa”, apontou o engenheiro civil Mário Lopes.
O deputado socialista José Carlos Barbosa explica que a alta velocidade será, sobretudo, construída a pensar nos passageiros e não nas mercadorias. Uma ideia criticada por quem assinou o manifesto intitulado "Portugal, uma ilha ferroviária na União Europeia".
“No futuro, vamos ter de pôr as nossas mercadorias em plataformas logísticas espanholas e daí seguirão para o centro da Europa. Portanto, Portugal não vai ter as mínimas condições de competitividade em relação a Espanha", explicou o engenheiro civil.
E, para além disto, Mário Lopes não tem dúvidas:
“Nós vamos ser os criados dos espanhóis”.
O projeto do PS para lançar o concurso do primeiro troço, ainda este mês, foi aprovado esta semana sem votos contra. No total, a linha de alta velocidade vai custar 4 mil e 500 milhões de euros, 16% vai ser financiado pela União Europeia.