Referindo-se à crise no Grupo Global Media, que “tem três jornais importantíssimos e uma rádio também importantíssima”, Sebastião Bugalho considera que “este é um problema que já todos conhecíamos, já sabíamos que ia acontecer e ninguém fez nada”.
Os apoios devem ser transversais. Seja nos alívios fiscais, seja no adiantamento de publicidade institucional, acho que o ministro da Cultura está a ter o raciocínio que é correto. O que eu lamento é que este seja mais um problema que já todos conhecíamos e ninguém fez nada.
O comentador da SIC recuou até 2017, recordando o discurso do Presidente da República no Congresso de Jornalistas, onde Marcelo defendia que “a crise da comunicação social tinha de estar mais presente no debate público”. Sete anos depois, considera que esse debate não existiu:
Não fez parte de nenhum programa eleitoral nenhuma medida relevante para a comunicação social, não fez parte de nenhum debate entre candidatos a primeiro-ministro nas últimas eleições legislativas ou nas anteriores a essas. Os políticos têm medo deste dossier porque não querem ser acusados de interferir ou de excesso de estatismo.
Sebastião Bugalho vai mais longe para explicar a falta de debate político sobre o jornalismo: “Defender jornalistas não é uma coisa nada popular.”
Nenhum político vai ter mais votos por defender a comunicação social e a liberdade de imprensa. Mas a dimensão verdadeira dos políticos é quando eles defendem aquilo que lhes vale mais do que os votos.
Para que as pessoas tenham “uma consciência mais social do que se está a passar”, o comentador deu o exemplo de casais que se conheceram no Grupo Global Media e da forma como a falta de salários afeta famílias inteiras:
Há muitos casais que se conheceram no trabalho, nas redações destes jornais. O que quer dizer que, quando não há salários neste grupo, são famílias inteiras que ficam sem rendimento naquele mês.