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"Se eu fosse Pedro Nuno ou Montenegro estaria a ver o Congresso do Chega e o que diz Ventura”

A VI Convenção Nacional do Chega arranca esta sexta-feira em Viana do Castelo, com o principal objetivo de reconduzir André Ventura como presidente e alterar os estatutos do partido.

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André Ventura apresenta-se no congresso como candidato único à presidência do partido que fundou em 2019. A eleição acontecerá no sábado, por voto secreto.

“Se eu fosse Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, este fim de semana estaria a ver com muita atenção o Congresso do Chega e o que vai dizer André Ventura”, sublinhou Bernardo Ferrão, da SIC.

Para Ricardo Costa, da SIC, Ventura "sonha ser o partido dominante do hemisfério centro-direita", no entanto, o Chega não deixa de ser um partido com “falhas gravíssimas”.

“É um partido de extrema-direita com ideias completamente inconstitucionais. Depois, ainda tem uma série de medidas que, para além de serem xenófobas, outras caminham para um desastre económico”, acrescentou.

Bernardo Ferrão deixou um aviso: quer "Pedro Nuno Santos, quer Luís Montenegro, devem estar atentos ao que André Ventura vai dizendo".

“O Chega cria, desde logo, um difícil problema ao PSD e a Luís Montenegro. Mas para o Partido Socialista há também questões que se levantam, nomeadamente como é que o PS irá votar caso o Chega avance com uma moção de rejeição já anunciada, depois das eleições, caso não tenho lugar num Governo”, acrescentou.

O que esperar da Convenção?

“Eu acho que vão aparecer novas pessoas nesta convenção para mostrar que André Ventura é muito rápido em afastar pessoas que, de repente, já não lhe dão jeito. Ele quer mostrar que tem pessoas, quase todas elas vindas do PSD, CDS ou da Iniciativa Liberal", referiu Ricardo Costa.

Bernardo Ferrão disse que é “evidente” que o Chega “está tornar-se num partido do sistema”, e não há dúvidas que “André Ventura é alguém muito plástico, que molda facilmente o seu discurso”.

“Ele tanto consegue ser radical à segunda-feira, como à terça-feira passa a ser moderado, como à quarta-feira passa a ser católico e à quinta-feira alguém que já não acredita tanto na Virgem Maria e começa a defender outra coisa completamente diferente", acrescentou.

“Montenegro percebeu tarde demais o que deveria fazer com o Chega”

“Nas últimas legislativas, o Chega teve 400 mil votos. Nas presidenciais teve 500 mil votos. André Ventura tornou-se no terceiro candidato mais votado. Em Lisboa, Ventura teve um crescimento de 75% entre as eleições de 2019 e 2022”, anotou Bernardo Ferrão.

“O Chega levanta um problema gigante para os partidos tradicionais, desde logo para o PSD. Luís Montenegro percebeu tarde demais o que deveria fazer com o Chega”, referiu ainda.