André Ventura desresponsabiliza-se pela agressão ao jornalista do Expresso durante um evento na Universidade Católica Portuguesa. O presidente do Chega afirma que o seu maior interesse é ter os profissionais da imprensa presentes nos eventos e espera que o Ministério Público investigue o caso.
O Chega já tinha emitido um comunicado a negar “qualquer responsabilidade”, mas agora foi Ventura a reforçar e mensagem.
“Quem autorizou a entrada do jornalista não foi o Chega, foi a Universidade Católica. Estão a pedir-me uma responsabilidade que eu não faço ideia. Eu sabia lá que estávamos os dois no meio de centenas de pessoas. (…) Agora, não podem pedir ao líder de um partido que está sentado a um quilómetro de distância, com centenas de pessoas na sala, que saiba o que é que aconteceu”.
O líder do Chega disse que, se dependesse dele, “vocês [jornalistas] estariam em todo o lado”.
“Qual é o meu interesse de fazer um evento em que vocês não estão? Para passar para quem? Para os meus familiares e amigos? Eles já me conhecem. O nosso staff foi lá, nomeadamente o doutor Bernardo, tentar acalmar as coisas e tentar resolver a situação”, afirmou André Ventura.
Ventura insinua que jornalista “provocou”
André Ventura disse que, apesar de não se ter apercebido do que aconteceu, “há centenas de testemunhas”
Baseando-se em comentários nas redes sociais dessas pessoas, alegou que, "aparentemente", quando foi abordado para sair da sala, o jornalista "reagiu, provocando os jovens" que se dirigiram a ele.
"Agora, o Ministério Público tem de fazer o seu trabalho", defendeu.
O que aconteceu?
Um jornalista do Expresso foi agredido, esta terça-feira à tarde, num evento da Universidade Católica Portuguesa que recebia o líder do Chega. O jornalista do Expresso também foi interpelado pelo segurança pessoal de André Ventura.
A entrada do jornalista do Expresso no evento organizado por associações de estudantes da Universidade Católica Portuguesa, no âmbito de um ciclo de debates com líderes partidários, foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório.
Logo depois, foi abordado por um jovem universitário que lhe transmitiu que não podia estar presente. O jornalista voltou a identificar-se, tal como tinha feito à porta do auditório.
Poucos minutos depois, foi novamente interpelado e, logo a seguir, o jornalista foi abordado por um terceiro jovem – pedindo aí esclarecimentos aos assessores do Chega que estavam presentes na iniciativa, e tentando interpelar André Ventura para esclarecer a situação.
Foi nesse momento que o jornalista foi agarrado por dois dos jovens que bloquearam os seus movimentos, ao agarrarem o jornalista pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento – deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional.
Luc Mombito, segurança pessoal de André Ventura, ainda se dirigiria ao jornalista, perguntando-lhe de forma agressiva se este precisava "de mais alguma coisa para se sentir melhor".