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Presidente Marcelo: "O jornalismo consegue excelência apesar da precariedade"

Marcelo Rebelo de Sousa discursou na abertura do 5.º Congresso dos Jornalistas, recordou os desafios que o setor está a enfrentar e é altura para estudar soluções, lembrando que sem jornalistas não há jornalismo.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez o discurso de abertura do 5.º Congresso de Jornalistas numa altura em que os problemas na Global Media dominam as preocupações do setor.

O chefe de Estado começou o discurso por apresentar uma cronologia da imprensa em Portugal, sublinhando que nos últimos 60 anos, pelo menos 10 foram vividos sob censura.

“Os grandes jornais das grandes famílias no meio da comunicação social assistiam à partilha de espaço com empresários de outras áreas. E os diretores das décadas de salazarismo conheceram vários sucessores. Imprensa, rádio e televisão com censura depois apelidada de exame prévio. Ou seja, os 60 anos de vivência pessoal do que se poderia chamar jornalismo, 10 foram de censura”, começou por dizer.

Marcelo Rebelo de Sousa relembra que poucos imaginavam o crepúsculo que "aí vinha, mas o crepúsculo desapontou (...) e temos" uma crise economia, uma pandemia e duas guerras.

"Economia pequena com escassa massa crítica e crises sucessivas (…) torna inevitável que haja transparência"

O Presidente da República referiu que é preciso garantir que há transparência sobre quem são os grupos que controlam os media e quais os interesses que os movem.

“Tudo isto torna inevitável que haja transparência no saber quem lidera o quê na comunicação social, com que projetos editoriais, com que modelos, com que perfis e viabilidade de dar vida ao setor, defendeu.

Apelou os proprietários e gestores de meios que estejam em constante convergência, interação e criem uma plataforma de diálogo com os jornalistas, realçando que apenas “com transparência e com critérios gerais e abstratos, sempre que possível, olhando do lado de espetadores, ouvintes e leitores” e com planos de literacia focados nos jovens, na cobertura de públicos diferenciados ou “na garantia do papel dos meios públicos de comunicação social” é possível abordar o problema dos media.

Marcelo Rebelo de Sousa reconhece os problemas que o setor está a enfrentar, mas defende que “o jornalismo reinventa-se todos os dias (…) para tentar não desaparecer”.

“O jornalismo consegue excelência, apesar da precariedade do estágio prolongado da incerteza anunciada, enfim, da imprevisibilidade recorrente. Como todas as paixões, resiste ou tenta resistir sem limites”, concluiu.