Quatro anos depois de ter sido criado, o Observatório do Bullying registou mais de 600 denúncias. O número de queixas é assinalável, mas admite-se que seja apenas uma pequena parte dos episódios reais que acontecem muitas vezes dentro das escolas.
Através de uma plataforma online, desde janeiro de 2020 o Observatório Nacional do Bullying vai recebendo as denúncias. Só no primeiro ano foram 407, desde aí houve mais 220.
"É uma gota no oceano", relata Sofia Neves, coordenadora do Observatório, afirmando que ainda existe uma grande "resistência das pessoas em denunciar".
Contudo, numa análise às 627 queixas é possível perceber, por exemplo, que são vários os motivos para a prática de bullying, com o aspeto físico a dominar uma lista em que os resultados académicos ou a idade também servem muitas vezes de justificação.
As denúncias que chegaram ao Observatório Nacional do Bullying nos últimos três anos afetam, sobretudo, raparigas. Quanto aos agressores, invertem-se os papéis, com os rapazes a serem a maioria.
A média de idades das vítimas é de quase 14 anos. E foi no recreio das escolas que mais vezes surgiram episódios deste tipo de violência.
Ansiedade e nervosismo são consequências comuns
Já na forma como o bullying é exercido, a violência é quase sempre psicológica, mas muitas vezes tem cariz social ou envolve agressões físicas ou com uma componente sexual.
Situações que provocam um sério impacto nas vítimas. A ansiedade e o nervosismo são as consequências mais sentidas, seguidas da tristeza, vergonha e a dificuldade de concentração e em dormir.
Das denúncias que chegaram ao Observatório Nacional do Bullying, em quase metade das situações foi necessário apoio psicológico e em 20% dos casos as vítimas precisaram mesmo de tratamento médico.