Os agricultores em protesto garantem que não fazem parte de qualquer organização profissional ou política. A maior entidade do setor, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), recusou participar alegando que um Governo em gestão está muito limitado.
Alguns destes produtores alegam que não se reveem na atuação das confederações do setor, havendo até grupos de contacto administrados por pessoas que nem sequer trabalham no setor.
“Não contamos muito com as confederações para manifestarmos o nosso desagrado. Eles são os nossos representantes há vários anos e não há resultado nem dos governantes nem das confederações”, afirma Paulo Bártolo, agricultor do Montijo/Alcochete.
A CAP, alheia a estas manifestações, alega que privilegia a via negocial explicando que o primeiro-ministro se comprometeu a pagar a totalidade das medidas agro ambientais, revertendo os cortes que o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) divulgou há dias.
“Eu acho que as associações devem estar melhor que nós. Não sei, segundo parece, já terão recebido a parte deles, e nós é que estamos com o nosos prometido atrasado”, defende outro agricultor de Coimbra Valdemar Carajoinas.
Ainda assim, esta declaração parece não ter sido suficiente para abrandar os protestos e aclamar os produtores nacionais, que contestam a abertura europeia a novos mercados.
“Neste grupo temos quatro pontos que queríamos salientar: as ajudas pagas atempadamente, o acordo da comunidade com o Mercosul por causa da concorrência desleal, e das substâncias proibidas que eles lá podem utilizar, portanto segurança alimentar. Cá há uma boa segurança alimentar e nos outros países do Mercosul não há”, defende um agricultor da Lezíria, Joaquim Madeira.
Como foi orquestrado o movimento?
De acordo com os agricultores, os movimentos espontâneos surgiram através das redes sociais e por telefone, não tendo adiantado mais pormenores.
Também pessoas cujos ofícios não se relacionam com o setor juntaram-se à causa, como Fátima Rocha, atualmente imobiliária, e que esteve nas listas da Iniciativa Liberal (IL) nas últimas eleições.
No Alentejo, Duarte Bívar, licenciado na área da comunicação, diz que ajudou a criar a página de Facebook do movimento porque, enquanto cidadão, se revê nas preocupações dos agricultores.