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“Biblioteca Humana”: iniciativa da DGS combate a discriminação associada a doenças

Campanha de sensibilização dirigida a profissionais de saúde combate o preconceito associado a doenças como o HIV ou consumo de drogas.

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Para assinalar o Dia da Discriminação Zero, a 1 de março, a Direção Geral da Saúde (DGS) lançou uma iniciativa para sensibilizar os profissionais de saúde para o combate à discriminação.

Chama-se “Biblioteca Humana” e deu voz a várias pessoas muitas vezes alvo de preconceito associado a doenças como o HIV ou consumo de drogas.

É o caso de António Barreto. Começou a consumir droga com 15 anos, aos 18 traficava e agora, aos 51 anos, quer recuperar o tempo perdido.

António pede uma oportunidade de trabalho, mas tem receio que o passado como toxicodependente possa ser um entrave.

“Dão mais exclusividade a quem nunca teve problemas do que a quem tem”, lamenta. “Era sem-abrigo até há uns anos. Em 2018 perdi a minha vida toda. Tenho uma família, mas estou separado deles todos.

Natural da Madeira, Emanuel Caíres tem 31 anos e assumiu a homossexualidade aos 16. Ao fazê-lo, foi rejeitado pelo pai, de quem diz ter sofrido agressões físicas e verbais que o obrigaram a sair de casa.

Pouco tempo depois teve de enfrentar outro estigma: a ideia pré-concebida de que por ter HIV a transmissão do vírus é inevitável.

“Hoje em dia isso já não acontece", explica. “Se estou indetetável e intransmissível significa que não vou transmitir o vírus devido aos tratamentos que hoje em dia são muito eficazes. Ainda existe muito desconhecimento relativamente a essa evidência científica que já tem muitos anos.”

Com a “Biblioteca Humana”, podemos “folhear as nossas histórias e trazê-las para um espaço onde as pessoas querem ouvir, querem tirar dúvidas, humanizando as nossas experiências”, conta Emanuel Caíres.

O Dia da Discriminação Zero é celebrado a 1 de março com objetivo de combater a discriminação com base no género, idade, religião, orientação sexual, doença ou etnia.