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Entrevista SIC Notícias

"Comparando com há 50 anos há uma evolução brutal", mas as mulheres continuam "mais sobrecarregadas"

Para Sandra Ribeiro, "a falta de equilíbrio nas tarefas domésticas entre homens e mulheres" continua a ser "muito condicionadora", o que faz com que "as mulheres estejam sempre mais sobrecarregadas".

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Esta sexta-feira assinala-se o Dia Internacional da Mulher e para Sandra Ribeiro, Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género ainda há dados que mostram diferenças bastante vincadas entre os homens e as mulheres.

"Comparando a situação com o que era há 50 anos atrás há uma evolução brutal, mas a verdade é que ainda há dados que nos mostram que há disparidades e diferenças que permanecem e que temos de continuar a lutar e a ter as politicas públicas de igualdade de género para conseguir ultrapassar questões como as diferenças salariais, por exemplo, que ainda são bastante marcantes e as questões da progressão na carreira", garantiu.

Para Sandra Ribeiro, "a falta de equilíbrio nas tarefas domésticas entre homens e mulheres" continua a ser "muito condicionadora", o que faz com que "as mulheres estejam sempre mais sobrecarregadas".

"Portugal é o país da Europa onde há menos trabalho parcial para as mulheres. Quase todas as mulheres que trabalham, fazem-no a tempo inteiro tal como os homens e depois quando chegam a casa as estatísticas o que mostram é que passam duas horas a mais do que os homens em tarefas de cuidado e domésticas, valor que duplica durante os fins de semana", afirmou, acrescentando que é isso que "faz com que as mulheres estejam menos disponíveis para o trabalho fora de horas o que prejudica as mulheres" no trabalho e na progressão de carreiras.

Relativamente às estatísticas sobre as mulheres serem as principais vitimas de violência doméstica, Sandra Ribeiro garante que "as estatísticas não mentem" realçando que na sua opinião, ainda que os números tenham aumentado nos últimos anos, a violência doméstica não aumentou o que tem acontecido para os números serem cada vez maiores é que "finalmente estamos a conseguir trazer para a visibilidade este fenómeno terrível ".

Estudo da OIT apela à inclusão do trabalho doméstico nas políticas de cuidados

A Organização Internacional do Trabalho publicou esta sexta-feira um estudo onde apela à inclusão do trabalho doméstico nas políticas de cuidados para garantir os direitos no trabalho.

A organização estima que as mulheres representam três quartos dos mais de 75 milhões de trabalhadores domésticos, no Mundo. Por isso, perante a presença desproporcionada de mulheres, os direitos das trabalhadoras domésticas são fundamentais para a concretização da igualdade de género.