Luís Montenegro parece ter-se isolado para preparar a estratégia que, ao que tudo indica, poderá passar por governar, sobretudo, através de decretos-lei, contornando um Parlamento onde não está em maioria.
Na sede do partido, não houve sinal do presidente do PSD esta sexta-feira, que terá preferido isolar-se noutras paragens, juntamente com a equipa mais próxima.
Terminada a viagem relâmpago a Bruxelas, horas depois de ter sido indigitado, Luís Montenegro corre contra o tempo a ultimar convites para o Governo. Já tem menos de uma semana para entregar a lista completa ao Presidente da República.
Sem a maioria, Montenegro estará a preparar uma estratégia que lhe permita aguentar-se no lugar o mais tempo possível. Uma possibilidade é governar nos primeiros tempos à base de decretos - diplomas do Governo que não necessitam de ir ao Parlamento - evitando, assim, dependências da oposição, seja à direita ou à esquerda.
No programa da Aliança Democrática, há várias medidas que podem ser decididas no Conselho de Ministros, desde que não excedam o limite da despesa fixado no Orçamento. É o caso dos aumentos dos professores e do subsídio de risco para os polícias.
Fernando Medina, ainda ministro das Finanças, diz que essas despesas são “perfeitamente acomodáveis”, não havendo necessidade para um orçamento retificativo, o que deixa a vida de Montenegro duplamente facilitada. Medina avisa, no entanto, para o impacto futuro destas medidas, lembrando que o líder da AD tinha prometido continuar com as contas certas.