País

Ataque ao Centro Ismaili: Abdul Bashir acusado de 11 crimes

Recorde-se que Abdul Bashir se encontra a cumprir prisão preventiva no Hospital Prisional de Caxias, depois de, em abril de 2023, ter matado duas mulheres à facada no Centro Ismaili de Lisboa.

Abdul Bashir, afegão que atacou Centro Ismaili
Abdul Bashir, afegão que atacou Centro Ismaili
SIC Notícias

Abdul Bashir, o homem que matou duas mulheres à facada no Centro Ismaelita em Lisboa, está acusado de 11 crimes.

O Ministério Público deduziu acusação “pela prática de factos ilícitos correspondentes a dois crimes de homicídio agravado, seis crimes de homicídio agravado na forma tentada, dois crimes de resistência e coação sobre funcionário e um crime de detenção de arma proibida.”

Na nota divulgada esta segunda-feira, o DCIAP informa que foi requerida declaração de inimputabilidade do arguido por este apresentar um “quadro psiquiátrico de esquizofrenia” e ainda “perturbação da personalidade mista, designadamente perturbação de personalidade narcisista e perturbação de personalidade antissocial”.

O DCIAP revela ainda que existe elevada probabilidade de Abdul Bashir “vir a praticar outros ilícitos típicos da mesma natureza”, razão pela qual foi requerida também a aplicação judicial de “medida de segurança de internamento”.

Recorde-se que Abdul Bashir se encontra a cumprir prisão preventiva no Hospital Prisional de Caxias, depois de, em abril de 2023, ter matado duas mulheres à facada no Centro Ismaili de Lisboa.

Farana Sadrudin, de 49 anos, era sobrinha do líder da comunidade ismaelita em Portugal. Mariana tinha 24 anos e era licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade NOVA. Terminou o mestrado de Ciências Sociais e Desenvolvimento no ISEG.

Abdul foi à procura das duas vítimas mortais

Mariana e Farana, as duas vítimas mortais deste ataque, não terão sido vítimas ocasionais. Abdul Bashir procurou as duas mulheres na sala onde habitualmente trabalhavam.

Tudo começou na aula de português, numa sala onde estavam vários outros estudantes.

Abdul Bashir recebeu um telefonema e, a seguir, feriu com uma facada o professor e saiu da aula em direção à sala onde sabia que trabalhavam Farana e Mariana, as duas vítimas mortais.

Porquê Farana e Mariana?

As duas vítimas mortais eram as responsáveis diretas pelo acompanhamento de Abdul Bashir. O afegão estava prestes a perder o apoio social que é dado durante 18 meses após a chegada a Portugal. Continuava sem emprego e cuidava sozinho dos filhos.

As duas técnicas que matou estavam a preparar o relatório que seria entregue à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Faz parte do protocolo e nada indica que existisse perigo para os menores.

Abdul Bashir chegou a Portugal inserido num programa de cooperação internacional. Vive desde 2021, é viúvo e tem três filhos menores. Não estava sinalizado pelas autoridades.

Há dois anos, num vídeo publicado na conta do Youtube da organização SOS Refugiados Europa, Abdul Bashir confessou enfrentar "condições de vida difíceis", que o próprio deu a conhecer às Nações Unidas.

Apresentou-se como sendo um "refugiado na Grécia", onde vivia com os três filhos menores, depois de ter perdido a mulher num incêndio que decorreu no campo de refugiados.

Estava matriculado nas aulas de português do Centro Ismaili e recebia da comunidade ajuda alimentar para os três filhos menores.