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Parlamento vota comissão de inquérito sobre a Global Media

Nem o PAN nem o BE têm deputados suficientes para impor uma comissão de inquérito com caráter obrigatório, sendo para tal necessários um quinto dos parlamentares em efetividade de funções, ou seja, 46.

Parlamento vota comissão de inquérito sobre a Global Media
Filipa Traqueia

A Assembleia da República vota esta sexta-feira, em plenário, a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a Global Media Group, proposta pelo PAN e pelo Bloco de Esquerda (BE).

O BE defende a criação de uma Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à atuação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) no âmbito da reestruturação acionista do grupo.

Para o BE, o tempo entre as primeiras notícias do negócio e a ação da ERC "deixou claro que o processo em curso consistia, sob as mais variadas formas, num risco real não apenas para o dever de transparência, mas também de liberdade e pluralismo de expressão", bem como para a salvaguarda da independência editorial face aos poderes económico e político.

o PAN quer a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar ao processo de alteração da propriedade do grupo envolvendo o World Opportunity Fund.

Na iniciativa, a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, referiu que esta comissão deverá funcionar pelo máximo de 120 dias, com o objetivo de avaliar os atos de gestão do grupo, o processo de alteração da propriedade, apurar os proprietários do World Opportunity Fund, avaliar a atuação da ERC e o negócio, que não foi concluído, de venda ao Estado das participações da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa.

O plenário está agendado para as 10:30.

Nem o PAN nem o BE têm deputados suficientes para impor uma comissão de inquérito com caráter obrigatório, sendo para tal necessários um quinto dos parlamentares em efetividade de funções, ou seja, 46.

A ERC declarou pela primeira vez, desde que a Lei entrou em vigor em 2015, a falta de transparência de titularidade numa empresa de media com o World Opportunity Fund (WOF), acionista da Global Media.

Em 19 de março, o Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deu "como verificada" a "falta de transparência" do fundo WOF, confirmando o projeto de deliberação aprovado em 15 de fevereiro.

Neste processo está em causa a titularidade da participação de 51% do capital social da Páginas Civilizadas, detida pelo WOF, que por esta via detém uma participação indireta de 25,628% na Global Media (GMG).