A equipa do ministério da Saúde iniciou esta segunda-feira um conjunto de reuniões com as ordens profissionais do setor, numa semana marcada também pelo arranque das negociações com os sindicatos.
A equipa da SIC presente no local relata que à saída da reunião, as três ordens já ouvidas demostram-se satisfeitas e relatam uma “recetividade” por parte da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
O bastonário dos Médicos foi o primeiro a ser recebido esta segunda-feira pela ministra, tendo-se seguido a Ordem do Enfermeiros e a Ordem dos Farmacêuticos.
As três ordens já ouvidas acrescentam ainda aos jornalistas que as conversações decorreram num tom comum de positividade, tendo referido que as medidas apresentadas estão a ser “bem recebidas” pela ministra da Saúde.
Na sexta-feira de manhã, arrancam as negociações salariais com os sindicatos médicos, iniciando-se com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e depois a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Aumentos salariais e melhores condições de trabalho são algumas das exigências que os sindicatos já vinham reivindicando junto da anterior equipa ministerial e que irão trazer novamente para a mesa das negociações.
Médicos defendem implementação de medidas no prazo de dois meses
Melhorar a capacidade de atrair e fixar médicos no serviço público, designadamente com uma nova carreira médica, e avaliar o modelo das Unidades Locais de Saúde foram algumas prioridades apresentadas pela Ordem dos Médicos à nova ministra da Saúde.
Na primeira reunião com Ana Paula Martins, a Ordem dos Médicos (OM) entregou um documento onde elenca seis medidas prioritárias para 60 dias, entre elas a criação de uma nova carreira médica, a aplicar a todos os médicos a partir do internato.
À saída da reunião, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, disse aos jornalistas que a intenção principal das propostas é "melhorar a capacidade de atração e fixação do Serviço Nacional de Saúde".
"Ficámos de enviar nas próximas semanas um conjunto de documentos sobre as matérias que foram aqui elencadas", disse o bastonário, revelando que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pediu à OM que, no prazo de um mês, entregasse uma proposta para a nova carreira médica, "nomeadamente nas condições de formação, de investigação e nas condições de trabalho dos médicos dentro do Serviço Nacional de Saúde".
Outro dos pontos que Carlos Cortes considerou prioritário é a "avaliação rigorosa" do modelo das Unidades Locais de Saúde (ULS), explicando que a OM tem já uma comissão a preparar um relatório com essa avaliação que conta entregar no final de maio.
"Demos a conhecer à ministra da Saúde uma comissão que a Ordem dos Médicos constituiu, em janeiro deste ano, de acompanhamento das ULS, que já tem um relatório preliminar e que irá apresentar durante o mês de maio ao Ministério da Saúde e à Direção Executiva do SNS", adiantou.
Além destas duas medidas, Carlos Cortes disse ainda que a OM abordou "um pacote de medidas" -- que não quis especificar -- para melhorar a resposta nas urgências.
Enfermeiros apresentam 16 medidas
A Ordem dos Enfermeiros (OE) apresentou também 16 propostas à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para serem integradas no plano de emergência do Governo para o setor, manifestando-se preocupada com a falta de 14 mil enfermeiros.
"Deixámos 16 propostas à ministra [da Saúde] para o plano de emergência que estará a ser elaborado. Grande parte destas medidas assenta na questão do acesso e na melhoria do acesso dos cuidados. Hoje, os enfermeiros têm um conjunto de competências que podem ser colocadas ao serviço do país e, portanto, deixámos essas propostas", disse o bastonário da OE, Luís Filipe Barreira.
Em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião no Ministério da Saúde, Luís Filipe Barreira revelou que Ana Paula Martins garantiu que a questão da valorização da carreira ficará "em termos de plano de motivação e plano de emergência que vai elaborar e que vai apresentar brevemente".
Segundo Luís Filipe Barreira, a governante irá reunir-se com os sindicatos para discutir a carreira dos enfermeiros e as condições salariais.