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Nuno Melo e a polémica do serviço militar: “Estou aqui por causa do que não disse”

O ministro da Defesa Nacional a que nunca anunciou uma proposta política para que os jovens que cometem pequenos delitos ingressem no serviço militar. Nuno Melo afirma estar a trabalhar num "pacote legislativo" para investimento nas Forças Armadas.

Nuno Melo e a polémica do serviço militar: “Estou aqui por causa do que não disse”
PAULO NOVAIS

Nuno Melo rejeitou, esta tarde, na Assembleia da República, ter alguma vez proposto que o serviço militar fosse usado como alternativa às instituições de reabilitação para jovens que cometam pequenos delitos.

O ministro é ouvido, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Defesa Nacional, a pedido do Chega e da Iniciativa Liberal, na sequência de declarações que fez sobre o tema e que causaram polémica.

Antes de fazer qualquer intervenção, Nuno Melo começou por pedir que fosse transmitido na sala, para que os deputados pudessem ver, um vídeo com as declarações que fez e que foram tidas como a apresentação de uma iniciativa política.

Passadas as imagens, o ministro sublinhou que, naquelas declarações, estava apenas “a responder a uma pergunta de um jovem sobre o que podem as forças armadas fazer para ajudar jovens em contexto desfavorecido”.

“Não apresentei nenhuma medida, não apresentei nenhuma proposta, não apresentei nenhuma intenção”, declarou Nuno Melo.

“No limite, se quiserem, emiti uma opinião. Estou aqui por causa do que eu não disse”, continuou o ministro, que insiste que viveu “24 horas numa realidade paralela”.

O ministro da Defesa sublinha que pretende “combater a desinformação” com esta audição, referindo que “a Assembleia da República não é espaço para exercícios de ficção científica”.

“Se eu lesse, como tantos portugueses leram, que o ministro queria recrutar criminosos, também acharia irresponsável”, afirmou. 

Nuno Melo condenou ainda que a ministra da Administração Interna – que, questionada sobre a alegada proposta feita por Nuno Melo, mostrou-se favorável à mesma – tenha sido “confrontada com uma suposta medida de um colega", sendo “induzida em erro”, e que disso haja “aproveitamento político”.

"Teve, em relação a um colega de Governo, uma manifestação de solidariedade", disse Nuno Melo sobre a ministra Margarida Blasco.

Apesar de recusar ter feito qualquer proposta, nomeia os exemplos de países como a França, a Grécia, o Luxemburgo e a Holanda, onde, alega, há programas de integração de jovens de contexto desfavorecido nas forças armadas.  

Nuno Melo aproveitou para defender que pretende investir nas Forças Armadas, enquanto detentor da pasta da Defesa, reconhecendo que "os salários são baixos e a carreira precisa de ser dignificada", acusaindo ainda o PS de não ter investido no recrutamento de militares enquanto esteve na liderança do Executivo. 

O ministro assegurou, esta quarta-feira, que está "a trabalhar muito intensamente num pacote legislativo" que deverá ser apresentado "em breve" para responder aos desafios prioritários das Forças Armadas, desde a modernização de equipamentos, à capacidade de atração e retenção de profissionais.