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Criança nepalesa agredida "teve feridas abertas tratadas pela mãe", o relato da diretora que denunciou o caso

Os pais acabaram por pedir transferência para outra escola, mas nunca denunciaram o caso por medo, segundo a diretora. Ana Mansoa disse, ainda, que este tipo de ataques tem sido cada vez mais frequentes.

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Uma criança nepalesa de nove anos foi agredida com violência por colegas, numa escola de Lisboa, no início deste ano, segundo avança esta terça-feira a Renascença.

É uma denúncia que surge dois meses depois das agressões pela voz de Ana Mansoa, diretora executiva do Centro Padre Alves Correia, uma instituição religiosa dedicada a apoiar imigrantes em situação de vulnerabilidade.

"Em contexto escolar, uma criança nepalesa foi vítima de linchamento por parte dos colegas físico, filmado e divulgado nos grupos de Whatsapp das crianças", disse Ana Mansoa à Rádio Renascença.

O grupo de agressores era composto por cinco colegas da vítima e um 6.º que estava a filmar. A escola não denunciou o caso e suspendeu apenas um deles três dias.

As agressões, que a diretora do centro acredita que tiveram motivações racistas e xenófobas, deixaram sequelas físicas e psicológicas.

"Teve feridas abertas, que acabaram por ser tratadas pela mãe", retratou Ana Mansoa.

Os pais acabaram por pedir transferência para outra escola, mas nunca denunciaram o caso por medo, segundo a diretora. Motivo pelo qual também decidiu não divulgar o agrupamento de escolas onde aconteceu a agressão.

Ana Mansoa disse, ainda, que este tipo de ataques tem sido cada vez mais frequentes e aos quais a ministra da Administração Interna já garantiu uma resposta do Governo.

Os números da PSP e da GNR relativos ao ano passado dão conta de uma subida de 38% nos crimes de ódio registados em Portugal. A agressão a esta criança nepalesa surge pouco tempo depois de no Porto dezenas de imigrantes terem sido alvo de um ataque na casa onde viviam.

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