Luís António Santos, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, esteve na SIC Notícias para analisar os últimos episódios do “dossiê aeroporto”, após um dos pontos mais complicados ter sido resolvido. Já se sabe onde vai ser - Alcochete - e que deverá estar pronto em 10 anos, graças a um acordo “saudável” entre os dois principais partidos.
Nesse sentido, as palavras menos afáveis trocadas entre Pedro Nuno Santos - que inicialmente saudou a decisão, mas depois colocou dúvidas - e Luís Montenegro são desvalorizadas por Luís António Santos.
“Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro tiveram mesmo uma reunião a sós e terão acertado entre eles. A verdade é que depois, no debate parlamentar, Luís Montenegro fez questão de salientar a eficiência de decisão do seu Governo, quando outros a hesitaram, quando outros aprovaram e depois recuaram. E talvez isso, naturalmente, tenha deixado Pedro Nuno Santos um pouco aborrecido”.
“Governo tem mais consciência da sua posição”
No entanto, o que “acontece no Parlamento em muitas circunstâncias tem a ver com o espírito próprio daquele lugar”, enquanto “o mais relevante” parece ser “os contatos estabelecidos [pelo Governo] com os outros partidos para estas decisões importantes”.
“Passado um mês, o Governo já tem mais consciência da sua posição e também terá talvez mais consciência de que precisa de alimentar esta relação com os outros partidos, às vezes mais com uns, às vezes mais com outros. Isso, por exemplo, também vai acontecer com o plano de ação para a Imigração, que também foi anunciado neste debate (…) Acho que esta legislatura vai ter que ser marcada por estas cedências mútuas, porque a alternativa é bem pior”.
Para o professor Luís António Santos, será mais complicado chegar a acordos em outras questões estruturais, também relacionadas com grandes obras recentemente anunciadas.
“[O acordo] parece-me saudável. Mas não sei se vamos ter decisões tão consensuais para as duas outras grandes obras que estão propostas, para a ligação de alta velocidade [Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto] ou para a terceira travessia do Rio Tejo”.