À SIC Notícias, o deputado Paulo Muacho, do Livre, refere que têm acontecido "situações que podem roçar alguma falta de decoro", acrescentando que já ouviu mugidos quando algumas deputadas se levantam para discursar.
"É claro que no plenário é muitas vezes difícil nós conseguirmos perceber quem, efetivamente, está a fazer esses sons. A verdade é que acontece, inclusivamente, alguns gestos que são feitos", admite Paulo Muacho.
A deputada do Partido Socialista, Isabel Moreira, acusou esta terça-feira o Chega de fazer comentários racistas e misóginos no Parlamento, em declarações à rádio Observador. Descreve um dia-a-dia infernal na Assembleia da República num clima de ofensas constantes.
"Uma ofensa e uma injúria permanente, sobretudo das mulheres, quando estamos a passar para falar, em que eu já ouvi coisas como vaca, mugidos, nomes que normalmente se chamam a deputadas assumidamente lésbicas que eu não vou repetir em voz alta, já ouvi, por exemplo, quando uma deputada negra, ao meio-dia dizer: 'boa noite, senhora deputada', que é uma coisa normal de se dizer ao meio-dia a uma pessoa negra", referiu.
Isabel Moreira revela que as mulheres são os principais alvos dos insultos e que as ofensas, vindas da bancada do partido de André Ventura, são proferidas com o microfone desligado para que não possam ser responsabilizados.
"As piores ofensas, intimidações, fazem-no de microfone fechado, para não serem ouvidos e para serem só ouvidos pela pessoa que estão a injuriar, sempre mulheres, ou quase sempre mulheres, ou fazem nos corredores, quando estamos sozinhas e ninguém está a ouvir", esclareceu a deputada socialista.
Em reação às declarações de Isabel Moreira, André Ventura desafiou quem tem provas contra os deputados do Chega a mostrá-las. Há um ano, também a revista Sábado falava em bullying na Assembleia e denunciava ofensas feitas, principalmente, a deputados da esquerda política como Isabel Moreira, Inês Sousa Real, Rui Tavares, ou Catarina Martins.